Planejamento urbano é essencial para futuro de obras na região serrana do Rio, diz professor

08/01/2014 - 21h03

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
 
Rio de Janeiro - Os municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, estão fazendo obras de prevenção dos efeitos da chuva que foram relacionadas em uma portaria dos ministérios do Planejamento e das Cidades. Os contratos, selecionados em 2011 e 2012, fazem parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e incluem obras de drenagem urbana e de contenção de encostas.

Para o professor de engenharia geotécnica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maurício Ehrlich, apesar da importância das obras, se não houver planejamento urbano nesses locais, no futuro, os problemas vão se repetir com o deslocamento das populações para outras áreas. “Se não se disciplinar a ocupação, não adianta ficar consertando as coisas antigas, porque o processo será sempre dinâmico. É parecido com enxugar gelo, porque consolida certas áreas, mas há sempre outras novas se tornando problema”, explicou.

O professor, um dos autores do estudo Sugestões de Ações de Engenharia e Planejamento para a Região Serrana, publicado pela Coppe, diz que as obras de drenagem tentam minimizar os efeitos das cheias de 2011 na região e que a contenção de encostas pretende recuperar as áreas atingidas. “[As obras de contenção] são para evitar que o problema se agrave e a drenagem, para evitar problemas mais à frente. Essas obras de drenagem vão ser muito boas para o local”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o Ministério das Cidades, a portaria publicada ontem (7) teve como prioridade transferir recursos para os contratos de prevenção de riscos de inundações e deslizamento de encostas na região serrana. Entre as obras em andamento estão as de drenagem urbana nas bacias dos rios Cuiabá, Santo Antônio e Carvão, em Petrópolis, (R$ 75,8 milhões), e nas bacias do Imbuí e do Paquequer, em Teresópolis, (R$ 39,5 milhões), além da contenção de encostas em Nova Friburgo (R$ 7,5 milhões) e em Petrópolis, com intervenção em setores de risco alto e muito alto (R$ 60,2 milhões).

A portaria regula ainda projetos de engenharia que estão sendo revisados, como as intervenções hidráulicas para controle de cheias no Rio Meudon, em Teresópolis, com implantação de seção hidráulica para alargamento da calha do rio (R$ 34,9 milhões); a construção da barragem para amortecimento de cheia no Córrego D'Antas, em Nova Friburgo (R$ 29,4 milhões); macrodrenagem nas bacias dos rios Bengalas, Córrego D'Antas e Rio Grande, em Nova Friburgo (R$ 139,4 milhões), recuperação do Túnel do Palatinato e construção de galeria entre o Canal do Centro e o Rio Piabanha, em Petrópolis, e a implantação de parques fluviais no mesmo rio (R$ 142,9 milhões).  

O subsecretário de Estado de Reconstrução Serrana do Rio de Janeiro, José Beraldo, disse que as obras são estruturais e vão resolver os problemas de enchentes e desabamentos, que, ao longo dos anos, se repetem, inclusive com morte de moradores. “Todas as obras são muito seguras. Onde nós estamos fazendo obras, tanto na parte de rios quanto na contenção de encostas, com certeza, nós não vamos ter mais problemas”, disse o professor.

Beraldo informou que, juntamente com essas intervenções, os três níveis de governo estão desenvolvendo os projetos de construção de casas populares para instalar moradores de áreas de risco.

Edição: Fábio Massalli

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