Brasil está "marcando passo" por falta de estratégia para expandir o agronegócio, diz ex-ministro

04/10/2012 - 19h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Apesar de considerar que o agronegócio brasileiro encontra-se em uma situação positiva, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues apontou hoje (4) a falta de estratégia governamental e do setor privado que propicie expansão do setor.

Segundo Rodrigues, o cenário tem sido positivo para a maioria dos segmentos da agricultura nacional favorecido por fatores externos, como a seca nos Estados Unidos (que levou à quebra da safra de milho e soja elevando os preços no mercado mundial) e a estiagem na Europa Central (que prejudicou a produção de trigo na região). No entanto, citou como problemáticos os setores de produção de laranja, “porque o mundo está superofertado em suco de laranja, que é um setor bastante concentrado” e o de cana-de-açúcar “porque há ausência total de uma estratégia governamental e privada também para o setor agroenergético, etanol principalmente.”

Para Rodrigues, o Brasil está “marcando passo” diante de uma demanda crescente por produtos agrícolas (alimentos, fibras, energia) em decorrência do aumento da população e da renda per capita nos países emergentes. Ao mesmo tempo, destacou que existe uma manifestação global, “quase unânime”, para o Brasil aumentar a produção. “Nós não estamos fazendo nada. Não há nenhuma política definida para que se avance nessa direção,” disse à Agência Brasil. "Estamos marcando passo com temas importantes e perdendo de vista uma estratégia  mais abrangente e mais ampla,”acrescentou.

O ex-ministro reconhece que gargalos na área da infraestrutura, que impedem o crescimento da produção agrícola, começaram a ser tratados de maneira mais clara pela presidenta Dilma Rousseff, representando um “avanço”. “Falta uma estratégia, com uma política de renda definida, que o seguro rural e os preços mínimos funcionem, falta uma política comercial mais agressiva, uma política de vigilância sanitária, falta uma política tecnológica”.

Para o diretor titular do Departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Benedito da Silva Ferreira, o ano de 2012 tem sido positivo para o agronegócio brasileiro.“Os preços estão bons, há boas relações de troca. A agricultura vai bem, tal como foi no ano passado.”

Ferreira acredita na continuidade do cenário favorável em 2013, com aumento da área plantada no Brasil. No entanto, admitiu que o setor ainda sofrerá impactos da crise europeia e norte-americana.

Rodrigues e Ferreira foram contemplados com o Prêmio Destaque-A Lavoura 2012, concedido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), desde 1973, a personalidades e empresários que contribuem para o desenvolvimento do setor agrícola. 

Edição: Carolina Pimentel