Produtores de cana-de-açúcar e etanol defendem desonerações para estimular o setor

17/08/2012 - 19h45

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Produtores de cana-de-açúcar e de álcool discutiram hoje (17), no Ministério da Agricultura, sobre a possibilidade de desonerações e estímulos para aumentar a oferta de etanol, de forma competitiva. Eles alegam que a produção atual não é suficiente para atender à demanda decorrente da fabricação, no país, de 3 milhões de veículos flex por ano.

O secretário de Produção e Agroenergia do ministério, Gerardo Fontelles, destacou, em reunião da Câmara Temática da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool, que o plano estratégico que está em discussão, no âmbito dos ministérios ligados à questão energética, "tem como um de seus objetivos o aumento da produtividade, com o conceito de melhorar a renda".

Uma das alternativas discutidas é o plantio de sorgo sacarino na entressafra da cana, entre outubro e março. Essa cultura pode render até 50 toneladas por hectare e é propícia em diversas regiões que enfrentam problemas climáticos, por ser mais resistente que a soja e o amendoim, que são as culturas mais usadas para alternar com o plantio da cana.

Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA, banco de atacado e investimentos, defendeu que o governo estimule a exploração da biomassa para fins energéticos, de acordo com a vocação de cada região. Segundo ele, a biomassa pode colaborar bastante para viabilizar a maior produção do etanol.

Os produtores do etanol, de acordo com Figliolino, "só conseguiram sobreviver até agora por causa do preço do açúcar, pois quem só faz etanol levou prejuízo na última safra". Ele defendeu a desoneração de investimentos nessa área, como é feito na produção de energia eólica, segundo Figliolino. "Há uma série de coisas que, somadas, vão botar a indústria no caminho do crescimento".

Priorizar o etanol na matriz energética é, antes de tudo, uma questão de saúde, definiu o presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil, Paulo Sérgio Leal, que também participou da reunião. Segundo ele, o país importa, diariamente, 100 mil barris de gasolina e, em 2020, "esse percentual subiria assustadoramente". "A priorização do etanol na matriz energética é também uma questão de saúde, por ser um combustível limpo e renovável".

Para Leal, há a necessidade de desonerar o setor. Segundo ele, a produção do álcool teve seu custo muito elevado nos últimos anos.


Edição: Lana Cristina