Em Honduras, país com maior taxa de homicídios no mundo, velório e enterro são gratuitos na capital

03/05/2012 - 13h30

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Tegucigalpa, capital de Honduras, país que tem a maior taxa de homicídios do mundo, registrando 86 mortes para 100 mil habitantes, oferece funerais gratuitos para seus cidadãos mais pobres. A Funerária do Povo foi promessa de campanha do prefeito da capital, Ricardo Alvarez. Ele afirma que a iniciativa surgiu a partir da constatação de que muitas famílias das vítimas de homicídios eram pobres, sem recursos para pagar as despesas com velório e enterro.

"Quando estava na campanha, há quase sete anos, descobri que as pessoas estavam sendo enterradas em sacos plásticos de lixo", disse Alvarez. "Eu disse 'isso não pode acontecer no meu país, na minha cidade'. Então venho dirigindo o serviço funeral nos últimos seis anos. Este é o meu sétimo [ano executando a promessa]."

A Funerária do Povo tem uma equipe de 18 pessoas que trabalha em turnos diferentes em dois locais distintos. Nos dois locais há todo o material necessário para organizar um velório e enterro, segundo o prefeito.

A família de Orlando Ramon Valera pediu ajuda à funerária, informando que não dispunha de condições financeiras. O rapaz de 26 anos morreu após ser baleado. Poucas horas depois, uma van preta com as iniciais da Funerária do Povo em cor laranja estampadas nas laterais estava a caminho do necrotério, levando um caixão vazio, um suporte, cortinas, velas e ainda café e pão para os convidados do velório. A cerimônia ocorreu em uma pequena igreja no bairro da família, Los Laureles.

A Funerária do Povo não ajuda apenas os parentes das vítimas de violência, mas pessoas que alegam não ter condições financeiras.  Miguel Antonio Bueso contou que a mulher, grávida de gêmeos, perdeu um dos bebês no parto e a família não tinha condições financeiras para pagar o enterro do filho. “Eu não tinha dinheiro para um caixão. Uma das enfermeiras do hospital me informou sobre este serviço e, em seguida, fez toda a papelada para mim", contou.

 


*Com informações da BBC Brasil   //   Edição: Lílian Beraldo