Chilenos fazem primeira greve geral em 20 anos de democracia no país

25/08/2011 - 0h55

Monica Yanakiew

Correspondente da EBC

 

Buenos Aires – Os chilenos iniciaram hoje (24) a primeira greve geral, de 48 horas, em duas décadas de democracia no país. A paralisação, convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), é apoiada pela oposição e pelo movimento estudantil, que há três meses faz manifestações em favor de uma educação gratuita e de melhor qualidade. Além de uma reforma educativa, os grevistas exigem reformas tributárias, trabalhistas e constitucionais.

Alguns manifestantes fizeram barricadas e incendiaram pneus. A polícia reagiu com jatos de água. Esta noite, os panelaços tomaram de Santiago. O governo anunciou que a greve não teve a adesão esperada, mas causará prejuízos ao país. Pelos seus cálculos, o Chile perderá cerca de US$ 400 milhões nos dois dias do movimento. Hoje, 348 pessoas foram detidas e 19 policiais e 15 civis foram feridos.

A paralisação, na avaliação de especialistas políticos, é mais um golpe contra o governo conservador do presidente Sebastian Pinera. Ele é o primeiro presidente de centro-direita desde o fim da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990) e também com o menor índice de aprovação.

Mas, segundo o analista político e professor universitário Patrício Navia, a oposição tampouco é bem-vista pela população. A greve é uma aposta arriscada dos sindicatos e da oposição, que pegaram uma carona no movimento estudantil”, disse Navia, a Agência Brasil. “Os chilenos apoiam os estudantes e suas reivindicações, mas rejeitam barricadas e violência”, completou.

Nas ultimas décadas, a economia chilena tem sido considerada um modelo a ser seguido na região. Manteve-se estável, quando seus vizinhos lutavam contra a hiperinflação, e continua crescendo e atraindo investimentos. Estima-se que este ano crescerá 6.6%. Mas os chilenos agora exigem melhor distribuição das riquezas e maiores investimentos em educação e saúde. Uma das propostas dos grevistas é aumentar os impostos para a parte mais rica da população.

A desigualdade sempre existiu, mas os chilenos decidiram protestar contra Pinera porque ele prometeu resolver em 20 dias problemas que os partidos da oposição, que compõem a frente Concertacion, não resolveram nos 20 anos em que estiveram no governo”, declarou Navia. “Quando os 33 mineiros soterrados pela explosão de uma mina foram salvos há um ano, Pinera novamente levantou a bandeira da eficiência. Criou expectativas que agora estão sendo cobradas”, ressaltou.

 

Edição: Aécio Amado