Redução da jornada aumentará custo da produção sem criar postos de trabalho, diz indústria

10/09/2009 - 21h28

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução da jornadade trabalho de 44 para 40 horas semanais, defendida pelo governofederal, não acarretará novos postos de trabalho. Além disso, asempresas brasileiras terão um aumento considerável no custo deprodução, perdendo competitividade em relação a produtos deoutros países. Essa é a avaliação de representantes daindústria que participaram hoje (10) do Seminário sobre Cenários eTendências da Legislação Trabalhista, na sede da ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI).“Nossa cargatributária é a maior do mundo. O que se deu de incentivo aoempreendedor nacional? Essa proposta não passa de uma atitudeeleitoral”, afirmou o vice-presidente da Associação Comercial deSão Paulo, José Maria Chapina Alcazar. Ele também reclamou que ogoverno não controla as mercadorias que entram no país. “NoBrasil entra qualquer tipo de produto sem controle se, no país deorigem, ele é produzido com as exigências feitas ao empresáriobrasileiro. Alguns utilizam trabalho próximo ao de escravo”,completou.O diretor de RelaçõesInstitucionais da CNI, Marco Antônio Guarita, disse que a reduçãoda jornada do trabalho implicaria, de imediato, em uma oneração de pelo menos 10% do custo do trabalho. Segundo ele, a hora extra - quede acordo com a proposta de emenda constitucional que tramita no Congresso terá suaremuneração aumentada de 50% para 75% sobre a hora trabalhada - setornaria fundamental para que as empresas mantivessem sua produçãonormal.A superintendente deRecursos Humanos e Administração da Usiminas, Denise Brum, avaliouque o impacto da mudança dependerá da característica de cadaempresa, como a quantidade de trabalhadores, horas trabalhadas individuais e o número de máquinas utilizadas. Nada disso, porém,segundo ela, influenciará no aumento de empregos.A superintendente daempresa brasileira líder na produção e comercialização de açodisse ainda que o governo deve se responsabilizar pela qualificaçãoprofissional dos trabalhadores. “Deveria haver investimento dogoverno na formação de mão-de-obra ou benefícios às empresas querealizam esse treinamento, que tem de ser feito durante a jornada detrabalho”, defendeu Denise.