Círio de Nazaré reúne 2 milhões de pessoas em Belém e movimenta economia da região

12/10/2008 - 12h03

Liliane Farias*
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Belém - Cerca de dois milhões de pessoas participam hoje (12) do Círio de Nazaré, na capitalparaense. As homenagens a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do estado, começaram sexta-feira (10) e continuam nas duas próximas semanas. Ontem, os fiéisfizeram romarias em barcos, motos e ônibus.A romaria mais esperada, no entanto, é a de hoje, quando milharesde pessoas acompanham a imagem da santa pelas ruas, tentando segurar uma corda que separa a imagem dos fiéis. A procissão começouàs 7h e vai percorrer 6 quilômetros de ruas até a Basílica de Nazaré. Mais cedo, às 5h, o representante do Vaticano no Brasil, domLorenzo Baldisseri, celebrou missa na Catedral da Sé. Ele pediu que oscristãos lutem pela valorização da vida e condenou o aborto e aeutanásia.A organização do círio custou mais de R$ 2 milhões. Os recursosforam investidos pela prefeitura de Belém, pelo governo do estado e porpatrocinadores como a Petrobras. Mais que uma festa religiosa, o círiomovimenta a economia de todo o país, principalmente da regiãoamazônica. No período há aquecimento na produção industrial, nocomércio, no setor de serviços e no turismo.A estimativa é que 70 mil turistas visitem Belém nesta época, quatro mil deles, estrangeiros. A previsão é que eles injetem este anomais de R$ 600 milhões na economia paraense. O economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Pará, Roberto Sena,afirma que, durante o período que compreende os preparativos, a festa emsi e o pós-Círio, o número de pessoasocupadas na região metropolitana de Belém aumenta de de 25% a 30%.   De acordo com a gestora do Projeto de Artesanato, Jaqueline Diniz,cerca de 200 artesãos da cidade de Abaetetuba participam da Feira doMiriti, tradicional no período do círio. A associação dos artesãos dacidade produziu, neste ano, cerca de 7 mil peças paraserem vendidas na festa.Outro setor que cresce no período é a indústria de cera. Faz parteda tradição da festa a produção de órgãos do corpo humano em cera, parapagar promessas. Há também quem encomende representações de animais deestimação e bens materiais, como barco, casa e carro. Proprietário de uma indústria de cerano centro de Belém, Pedro Manoel Barbosa Chaves diz que sua fábrica produziu mais de 120 milpeças para o Círio de Nazaré deste ano. A maioria dos objetos enconomendados pelos fiéis representa a casa própria e a cabeça humana.”Também já foram feitos diplomas, algemas, carteiras detrabalho, telefones celulares. Esses [objetos] não são da nossa linha de produção, mas  reproduzimos em cera, porque respeitamos muito essaquestão. Nunca deixamos de atender nenhum pedido para que sejamaterializado em cera para o romeiro pagar sua promessa”, disse Pedro.A devoção a Nossa Senhora de Nazaré teve início em Portugal. Aimagem original da pertencia ao Mosteiro de Caulina, na Espanha, eteria saído da cidade de Nazaré, em Israel, no ano de 361, tendo sidoesculpida por São José.No Pará, em 1700, às margens do Igarapé Murutucu (onde hoje seencontra a Basílica Santuário de Nazaré), o caboclo Plácido José de Souzaencontrou uma pequena imagem da santa, que passou a ser reverenciada.Em 1792, foi autorizada pelo Vaticano a realização da primeiraprocissão oficial, em Belém, em homenagem à Virgem de Nazaré.