Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Um estudo feito pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp) mostra que 29,6% dos paulistanos estão totalmente satisfeitos com a vida; 28,85, relativamente satisfeitos; 7,1%, totalmente insatisfeitos; e 5,0%, relativamente insatisfeitos. Entre os entrevistados, 29,6% disseram que são indiferentes à satisfação com a vida e 56,2% declararam extrema satisfação com suas expectativas de vida.
A pesquisa, em parceria com uma rede social privada, foi feita entre os dias 10 e 30 de novembro do ano passado e ouviu 786 moradores da capital paulista com idade acima de 18 anos.
Na pesquisa, que incluiu dez itens para indicar o bem-estar do cidadão – sendo a família considerada o maior indicador de bem-estar –, a maioria alegou que precisa ter mais tempo disponível para os parentes e contato mais frequente com os que moram longe. “Sabemos que a cidade de São Paulo recebe pessoas de várias partes do país e coloca as pessoas longe de seus familiares. Isso explica a preferência pelas viagens no momento de lazer, apontada pela pesquisa”, disse um dos responsáveis pelo estudo, Wesley Mendes.
Em seguida, aparecem as redes de relacionamento, nas quais os itens "relação que tenho com os amigos", "convivência que tenho com meus vizinhos" e "frequência com que encontro meus amigos" aparecem como os itens de maior satisfação. No sentido contrário, a pesquisa aponta as opções de lazer na cidade.
O item com avaliação mais negativa foi o Poder Público, incluindo as três esferas de poder, sendo que, no Legislativo, a nota foi a pior. No item saúde, a vida sexual aparece como ponto de maior satisfação, seguido de saúde física, forma física e hábitos de alimentação. O pior avaliado nesse item é a rede pública de saúde, sem diferenciação do que é municipal ou estadual.
No intem transporte e mobilidade, os aeroportos tiveram a maior avaliação, embora tenha sido negativo na avaliação do tempo gasto no trânsito e da qualidade do transporte público. “O tempo gasto no trânsito pode servir de entendimento para a falta de motivação para a prática de atividades fisicas. Isso pode punir o nível de saúde das pessoas na medida em que priva esses cidadãos de praticar esportes e de ter tempo com a família”, acrescentou Wesley.
No caso do meio ambiente, os entrevistados elogiaram as vias que ligam a capital ao interior, mas criticaram a qualidade do ar, o nível de ruído e a limpeza da cidade. No indicador segurança, o Corpo de Bombeiros teve a melhor avaliação, seguido das Forças Armadas. A violência foi o destaque negativo. No caso da educação, a qualidade das escolas particulares registrou a melhor avaliação e as escolas públicas, a menor satisfação. No consumo, foram elogiados, mas também tiveram críticas os planos de saúde, bem como a telefonia fixa e a celular.
Quanto à vida profissional, a maior parte dos entrevistados demonstrou satisfação, diferentemente do que disseram sobre a vida financeira. “Grande parte não consegue guardar dinheiro. Isso nos remete à conveniência de políticas públicas para a orientação da vida financeira já nas escolas, porque um adulto que começa a vida com problema financeiro pode estender isso para a vida inteira”, destacou o Wesley.
Segundo um dos coordenadores da pesquisa, Fabio Gallo, a pesquisa poderá ser estendida para todo o país, de modo a permitir que os responsáveis, tanto do Poder Público quanto do privado, tenham instrumentos para agir no sentido de melhorar a realidade da cidade. “O que mais chamou a nossa atenção é que há um alto grau de satisfação e que as condições de vida não são as mais adequadas. Mas também nos chamam a atenção fatores que mostram o otimismo das pessoas, que ainda são muito voltadas para a família, para sua rede de relacionamento. Isso, provavelmente, fará com que aceitem mais sua própria condição de vida e se admitam com maior grau de bem-estar.”
Edição: Nádia Franco
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