Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília – O governo do Distrito Federal (GDF) vai arcar com os custos de pagamento dos direitos trabalhistas dos empregados do Grupo Viplan, controlada pela família do ex-dono da Vasp, Wagner Canhedo. Segundo o secretário de Transportes, José Walter Vazquez Filho, só os custos trabalhistas decorrentes da decisão anunciada hoje (23) de assumir o controle e a operação das empresas de ônibus do grupo vão exigir mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos.
“Inicialmente, estimamos em R$ 15 milhões, mas entendemos que vamos ter que fazer um reforço nesse valor para podermos encerrar todas as operações do Grupo Viplan até o final de fevereiro”, declarou o secretário à Agência Brasil, explicando que o valor médio pago a título de rescisão a cada um dos cerca de 3 mil funcionários das companhias da família Canhedo será da ordem de R$ 5 mil.
“O governo vai fazer o pagamento dessas demissões usando fontes do Tesouro e se habilitar para, no momento certo, em uma eventual falência da Viplan, pegar [reaver] esses créditos trabalhistas [de volta]”, acrescentou Vazquez, esclarecendo que os gastos operacionais serão cobertos com a própria receita da venda de passagens.
O secretário negou que o GDF esteja socorrendo o Grupo Viplan. “Não vamos colocar nenhum dinheiro na mão de empresários”. Segundo Vazquez, a assunção era a única forma de o governo demitir os empregados das três empresas que, juntas, detinham até há poucos meses o controle de 288 linhas, ou aproximadamente 30% do transporte coletivo do Distrito Federal.
A preocupação do governo era que, com esses trabalhadores presos ao vínculo trabalhista com o Grupo Viplan, que foi desclassificado na licitação pública feita para o novo sistema de transporte público coletivo local, faltasse mão de obra para as transportadoras que, em breve, assumirão as operações.
“Não vamos colocar nenhum dinheiro na mão de empresários. E se o governo demorasse muito, teria que indenizar as empresas que estão com ônibus parado e não conseguem operar por falta de pessoal. Não é uma coisa tranquila. De qualquer forma, haveria uma sobrecarga sobre o Tesouro”, alegou o secretário. Ele disse que, devido à postura do Grupo Viplan, que dificultou a recolocação de seus empregados, a entrada em funcionamento do novo sistema de transporte, com novos ônibus, teve que ser adiada por 60 dias.
“Encampar a empresa para, assim, podermos ter mão de obra era a melhor opção. A outra era cruzar os braços e esperar algo acontecer”, disse o secretário. “Com a assunção, assumimos o patrimônio da empresa de forma a operarmos com o patrimônio do grupo. Ao fim da operação, devolveremos os bens. Já se optássemos pela intervenção, além das questões trabalhistas, todo o débito das empresas viriam para o Tesouro”, explicou.
Procurado pela Agência Brasil, o Grupo Viplan informou pela assessoria que não vai se pronunciar.
Edição: Davi Oliveira
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