Da Agência Brasil *
Brasília - Uma base das Nações Unidas (ONU) no Sudão do Sul foi atacada durante confrontos entre forças do governo e rebeldes. O ataque deixou três capacetes azuis da organização mortos. Na base, havia outros 40 capacetes azuis, que foram transferidos a um campo militar do Exército do Sudão do Sul.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon disse estar "estarrecido" ao saber do ataque à base da missão das Nações Unidas (Unmiss, sigla em inglês) no país e pediu que ambas as partes respeitem o direito dos civis e garantam segurança.
"A Unmiss está fazendo tudo que pode, dentro de suas possibilidades, em uma situação muito fluida; assim como as Nações Unidas e o pessoal em campo. O futuro desta jovem nação requer que a sua liderança faça o possível para evitar o caos no Sudão do Sul, o que seria uma traição dos ideais por trás da longa luta por independência", informou Ban Ki-moon, por meio de porta-voz.
Ontem (19), o secretário-geral informou que está buscando uma liderança africana para tentar equacionar a crise no país. O Conselho de Segurança da ONU também pediu que as partes cessem as hostilidades e busquem um entendimento para evitar mais violência.
Segundo as Nações Unidas, a base atacada por pessoas da etnia Lou Nuer abrigava 30 pessoas da etnia Dinka. Os conflitos no país derivam, entre outros fatores da ação de grupos antagônicos destas etnias rivais, Dinka e Lou Nue as maiores do país.
"A missão espera firmemente que todas as partes garantam a segurança do pessoal da Unmiss e dos civis alojados nas instalações", disse o vice-secretário-geral da organização, Jan Eliasson ao alertar sobre o potencial de haver mais violência nos próximos dias.
Na capital do país, Juba, centenas de estudantes protestaram pedindo proteção da ONU.
"Recebemos informações de civis mortos em Juba por sua etnia. Eu peço que o governo mande uma mensagem clara ao comando do Exército do Sudão do Sul para que se previna retaliações baseadas em etnicidade e afiliação tribal e que culpados sejam responsabilizados", pediu a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay.
Ontem, os Estados Unidos enviaram militares ao país para proteger cidadãos norte-americanos. Hoje (20) o presidente Barack Obama pediu o fim imediato dos conflitos e disse que o país está à beira de uma guerra civil.
“Os líderes do Sudão do Sul devem reconhecer que o compromisso com o inimigo político é difícil, mas recuperar da violência descontrolada e do ódio será ainda mais difícil”, disse Obama em comunicado.
A tensão no Sudão do Sul tem aumentado desde o afastamento, em julho, do vice-presidente, Riek Machar, apoiado maioritariamente por elementos da etnia Lou Nuer. A crise se intensificou na última semana, em que houve uma tentativa de golpe de Estado. Estima-se que mais de 500 pessoas tenham morrido nos confrontos e que mais de 35 mil tenham buscado a proteção da ONU. No total, a organização tem atualmente cerca de 6,8 militares e policiais no país e a missão de manutenção da paz abriga mais de 14 mil civis.
* Com informações da Agência Lusa e da ONU
Edição: Valéria Aguiar