Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um crescimento muito forte dos investimentos em infraestrutura no próximo triênio, compreendido entre 2014 e 2016, é a aposta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com o planejamento estratégico da instituição. O setor de logística lidera esse processo, disse hoje (18), no Rio de Janeiro, o presidente do banco, Luciano Coutinho. Ele tomou por base o sucesso observado nos recentes leilões de rodovias e aeroportos. Os investimentos projetados para logística no período atingem R$ 114 bilhões.
Segundo o presidente do BNDES, as concessões são fundamentais para acelerar a trajetória do investimento no país. Informou que as concessões feitas no segundo semestre deste ano já agregaram em logística mais R$ 30 bilhões em contratos e investimento para o ano que vem. Coutinho estima que a média de novos investimentos em concessões será R$ 80 bilhões por ano, talvez já a partir de 2015. “Quanto mais, melhor. Quando mais rapidamente consigamos pôr em marcha o ciclo ascensional de investimentos em infraestrutura logística, melhor para a economia brasileira, porque vai aumentar o nível de eficiência da economia”, disse.
Outros segmentos dentro da área de infraestrutura que deverão receber investimentos de porte até 2016 são energia elétrica (R$ 134 bilhões), também devido aos leilões promovidos pelo governo; telecomunicações (R$ 93 bilhões), superando os patamares mínimos exigidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); e saneamento (R$ 27 bilhões), evidenciando crescimento rápido dos investimentos públicos. “Nós esperamos também que os investimentos em transportes públicos se acelerem na segunda metade do ano que vem”, estimou.
Coutinho lembrou que esses investimentos exigem créditos de longo prazo, com média de 20 anos a 25 anos, com períodos de carência também longos “para que os projetos amadureçam”. Ressaltou a necessidade de criação, no Brasil, de uma poupança de longo prazo “para abastecer o funding (recursos) do sistema financeiro, para que seja possível ele financiar projetos de longo prazo, com taxas compatíveis com a natureza desses projetos de longa maturação”.
O presidente do BNDES destacou, nesse campo, o papel do mercado de capitais, com ênfase no mercado de debêntures, para “ser um vetor de desenvolvimento do financiamento privado de longo prazo”.
Na área da indústria, a expectativa de investimentos também é positiva para os próximos três anos. Favorece esse movimento o comportamento do mercado internacional, que se mantém estável, disse. O presidente do BNDES espera que a China, que desacelerou o crescimento, sustente uma expansão moderada, porque isso ajuda as exportações brasileiras de commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior) e permite investimento em algumas cadeias produtivas, como as de celulose e papel e mineração.
No mercado interno, Luciano Coutinho ressaltou os investimentos projetados para o setor automotivo (R$ 45 bilhões), com empresas novas e novos polos industriais; o setor eletroeletrônico, com R$ 19 bilhões; o setor químico (R$ 18 bilhões), representado por investimentos em fertilizantes que compensam a retração observada das aplicações no campo petroquímico.
Sublinhou o grande volume de investimentos previsto também para o setor de petróleo e gás, da ordem de R$ 344 bilhões no triênio 2014/2016, ligado aos leilões feitos pelo governo e à entrada de novos operadores no mercado. Isso favorece o desenvolvimento da cadeia de fornecedores nacionais de bens de capital, equipamentos e engenharia para suprir os equipamentos necessários ao investimento.
Coutinho deixou claro que os valores anunciados para investimento representam “o que o BNDES está enxergando a partir de volume de consultas [recebido] aqui”. Os números se referem ao valor da moeda nacional (real) em 2012. A expectativa do presidente do BNDES é que as projeções ajudem na formação do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços fabricados no país, bem como estimule o crescimento de uma poupança de longo prazo.
Edição: Aécio Amado
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