Da Agência Brasil
Brasília – Um painel de peritos criado pelo presidente François Hollande recomendou hoje (16) a legalização do suicídio assistido na França, onde o debate sobre a eutanásia se intensificou depois de um casal de idosos ter cometido suicídio em um hotel em Paris, em novembro. Atualmente, a eutanásia é uma prática ilegal no país. Apenas a eutanásia passiva é autorizada, o que significa que o paciente tem o direito de morrer, autorizando a suspensão dos remédios e do tratamento que esteja recebendo.
Os idosos Georgette e Bernard Cazes, de 86 anos, deixaram uma carta explicando temer mais a "dependência do que a morte", e reivindicando o direito à morte assistida.
"A possibilidade de cometer suicídio medicamente assistido é, aos nossos olhos, um direito legítimo de um paciente próxima da morte ou sofrendo de uma patologia terminal, baseado principalmente e, em primeiro lugar, no seu consentimento lúcido e na sua completa consciência", disseram os peritos.
De acordo com a avaliação dos especialistas, a lucidez da pessoa em questão tem de ser avaliada, pelo menos, por dois médicos. O debate em torno dessa questão foi uma das promessas de campanha de Hollande. Segundo pesquisa encomendada pela Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade, 92% dos franceses são favoráveis à eutanásia para vítimas de doenças incuráveis ou que geram grande sofrimento.
“Militamos por outra lógica. Hoje, aqueles que estão em volta da cama do paciente é que decidem o que vai acontecer com a pessoa que está no fim da vida. Ou seja, os médicos e seus herdeiros. Queremos que a própria pessoa possa tomar essa decisão. Por isso, defendemos a legalização da eutanásia e do suicídio assistido. E que a pessoa decida, por ela mesma, o que ela deseja no fim da vida”, explicou o presidente da associação, Jean-Luc Romero.
Para ele, a lei atual é cruel, já que, sem assistência, o paciente poder demorar horas ou semanas para morrer. Bélgica, Holanda, Suíça e Luxemburgo são países europeus em que a eutanásia assistida é legalizada.
* Com informações da Agência Lusa e da Rádio França Internacional
Edição: Nádia Franco
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