Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Quem passou hoje (10) pelo centro da cidade pôde comprar abacaxi, aipim, mel, quiabo e mais uma dezena de produtos agroecológicos – produzidos de maneira ecologicamente sustentável e sem agrotóxicos. Em sua quarta edição, a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes reuniu agricultores de 30 assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Largo da Carioca, um pontos de grande movimento na cidade.
Uma das barracas mais concorridas era a de Luiza Maria da Silva, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Com grande procura, ela vendia xampu e condicionador feitos com inhame e de linhaça e creme para os pés com alfavaca e hortelã, por exemplo. “É tudo feito com carinho, de plantas sadias, tiradas do mato direto para garrafa. Só sem-terra tem essas coisas boas”, disse Luiza.
Produtor de quiabo em um assentamento em Tinguá, também na Baixada Fluminense, João Ney Cândido vendeu quase tudo. Ele trabalha com o irmão no Assentamento Terra Prometida, onde cobra melhorias para ampliar a produção e melhorar de vida. “Faltam estradas, luz e casas em melhores condições. Na época de chuva, alaga-se a área plantada. Na seca, não tem irrigação”, disse o produtor.
Aipim, ovos, manga, abacaxi, coco e maracujá estavam à venda na barraca de João Batista Machado, de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Ele produz “de tudo um pouco” no assentamento Zumbi dos Palmares. e espera reforçar o caixa antes do Natal. “A agricultura familiar é assim: diversificada. Produzir o que as famílias consomem”, explicou.
A Feira da Reforma Agrária reuniu 100 agricultores do norte, do sul e da Baixada Fluminense, que expuseram legumes, frutas e verduras frescas. Segundo a organizadora da feira e coordenadora do MST, Andrea Matheus, o objetivo era mostrar a produtividade dos assentamentos agroecológicos. “É sem veneno, respeita relações humanas e a natureza”, destacou.
Pioneiro na organização da feira, o agricultor e ativista do MST Cícero Guedes é o homenageado deste ano. Ele foi assassinado no início do ano na Fazenda Cambahyba, na qual presos políticos foram incinerados pelo regime militar na década de 80 do século passado. Cícero coordenava a ocupação no local, considerado improdutivo pela Justiça Federal e passível de desapropriação.
Sobre as condições do assentamento em Tanguá, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio informou que obras de infraestrutura dependem de programas do governo, convênios com a prefeitura ou governo do estado e não há previsão de obras no local.
Edição: Nádia Franco
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