Seminário discute o desenvolvimento de sonares com tecnologia nacional

09/12/2013 - 18h48

 

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil 

Rio de Janeiro - Inaugurado em julho deste ano, o Laboratório de Tecnologia Sonar (LabSonar) do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem como principal desafio o desenvolvimento, juntamente com a Marinha, de sonares com tecnologia 100% nacional para a proteção da costa brasileira. Para debater a aplicabilidade dessa tecnologia, não só na defesa, mas também em áreas como a do meio ambiente, a Coppe promove amanhã (10), em seu auditório, no campus da Ilha do Fundão, zona norte do Rio, o seminário Open Sonar Day – Um Dia Aberto de Tecnologia Sonar. 

Destinado à comunidade universitária, o evento vai reunir, em palestras e experimentos práticos da tecnologia, especialistas da Coppe, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha (SecCTM) e do Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM). Por meio de um contrato de transferência de tecnologia firmado com a França, a Marinha do Brasil vai construir, ao longo dos próximos anos, cinco submarinos, entre eles um com propulsão nuclear, que deverá ser concluído em 2025. 

“Nós buscamos, no desenvolvimento da tecnologia, fazer um sonar nacional”, disse o engenheiro elétrico e professor da Coppe José Manoel Seixas, coordenador do LabSonar. Especialista em processamento de sinais, ele informou que a Marinha vai incorporar, nas novas embarcações, um sonar diferente do que está acostumada a usar. “Ela usa hoje um sonar que fica embarcado no próprio navio, mas há também a tecnologia sonar de arrasto, em que você tem um conjunto de hidrofones, que são microfones que podem operar embaixo d'água e que são arrastados pelo próprio submarino”.

Segundo Seixas, a ideia é de que no projeto do submarino nuclear brasileiro haja lugar para um sonar totalmente nacional em duas versões, o embarcado e o de arrasto. No caso dos submarinos, cuja maior importância é perceber o cenário à sua volta, sem que sua presença seja detectada, o sistema utilizado é dos chamados sonares passivos, que, ao contrário dos ativos, não irradiam sinal.

“O sonar passivo não irradia nada, só fica ouvindo o barulhinho no mar. Ou seja, as embarcações produzem ruídos, que se propagam bastante longe no mar. Com isso o sonar acústico pode perceber a presença do sinal distante, fazer a detecção e a classificação de que tipo de navio ele monitorou”, explica o professor. 

Uma das palestras do seminário, que será aberto às 9h, vai abordar a Amazônia Azul, conceito criado pela Marinha em analogia à Amazônia Verde (a floresta) para se referir à defesa da riqueza que o país tem em seu mar territorial, principalmente a partir das imensas reservas de petróleo da camada do pré-sal. Segundo Seixas, “o sistema de sonares pretende monitorar toda a costa brasileira, todo o mar territorial que nos pertence, tanto na defesa de um possível ataque militar, como em pirataria e na defesa das próprias plataformas de exploração do petróleo”. 

A cooperação entre o Coppe e a Marinha data da década de 1980 e já possibilitou a instalação de componentes desenvolvidos no Brasil nos sonares que a Marinha utiliza. Agora, com o LabSonar, esta parceria tecnológica se amplia. “Estamos prestes a dar esse passo, no sentido de controlar de cima a baixo essa tecnologia. É muito importante para o Brasil tomar essa decisão. A gente não sabe, com a questão do pré-sal o que pode vir de agressão ou de pirataria”, ressaltou José Manoel Seixas.

 

Edição: Aécio Amado

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