Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Apesar de a indústria automobilística ter apresentado retração nas vendas e na produção de veículos em novembro, na comparação anual e mensal, no acumulado de janeiro a novembro de 2014, a produção registrou recorde de 11,8%. “Superamos o melhor ano de produção que tinha sido 2011”, comemorou Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ao comentar os resultados de novembro.
Segundo a associação, de janeiro a novembro deste ano foram produzidas 3,5 milhões de unidades. Em todo o ano de 2011, no entanto, a produção atingiu 3,4 milhões de veículos. Moan avalia que a manutenção do Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), do governo federal, foi fundamental para assegurar o crescimento. “Em caminhões, tivemos nesse período um crescimento de quase 47%, em ônibus, 13% e veículos leves, 10%”, informou.
O PSI é uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que oferece condições especiais para financiamento de peças e equipamentos usados na produção, e investimentos em tecnologia e inovação. “Os dados atestam a importância do programa para o setor. Segundo o governo, está garantida a manutenção dele para 2014”, declarou o presidente da Anfavea.
Sobre a queda de 8,3% no licenciamento de veículos novos em novembro, na comparação com outubro, Moan considera que, na verdade, as vendas ficaram estáveis, considerando a diferença de dias úteis entre os períodos comparados. “Se não tivéssemos tido dois dias úteis a mais em novembro com certeza nós teríamos um empate”, avaliou. A média de carros licenciados em outubro foi 15 unidades por dia. Em novembro, houve leve acréscimo, ficando em 15,1, uma alta de 0,9% na média diária.
Outro fator que teve impacto no resultado, na avaliação da entidade, foi o impasse sobre a manutenção do PSI. “Tanto caminhões, como ônibus, tiveram uma interrupção no processo de vendas pelas indefinições do programa”, apontou Moan. Ele destacou que os licenciamentos de caminhões, por exemplo, caíram 13,4% entre outubro e novembro; e os de ônibus recuaram 6,3% no mesmo período. “Em novembro, fomos convocados para uma reunião no BNDES, onde se retornou o mecanismo de PSI e, de certa maneira, conseguimos destravar um pouco o volume de vendas do mês”, apontou.
As exportações também registraram recorde. Foram negociados R$ 15,4 bilhões de dólares de janeiro a novembro deste ano. “É o maior número que a indústria automobilística exportou mesmo considerando anos fechados”, destacou o presidente da Anfavea. Em relação às unidades exportadas, houve crescimento de 29,4% no acumulado dos primeiros 11 meses do ano. Na comparação de novembro com o mês anterior, no entanto, foi registrada retração de 12,7%.
Em relação às máquinas agrícolas, de janeiro a novembro, as vendas internas avançaram 19,9%. “Tenho impressão de que o volume poderia ter sido um pouco melhor, em razão também da indefinição do PSI”, avaliou Moan. De outubro para novembro, houve decréscimo de 17,6% nas vendas.
Para o fechamento do ano, cujos resultados devem ser apresentados em janeiro, Luiz Moan projeta que o setor deve ter pequeno crescimento em relação a 2012 ou permanecer estável. “Tínhamos uma previsão inicial de vendas com crescimento de 3,5%. Neste momento, estamos falando de um empate técnico em relação a 2012. Portanto, não é ano excelente, mas um ano muito bom”, avaliou.
Edição: Beto Coura
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