Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – As famílias de uma comunidade na Vila Andrade, zona sul da capital começaram a deixar suas casas por volta das 8 h, após acordo feito com a Polícia Militar para evitar um confronto durante cumprimento de reintegração de posse.
“As famílias têm consciência de que há um efetivo enorme de policiais, e vão desobstruir a via, pelo menos um membro de cada casa vai guarnecer os seus móveis e vão permitir que entrem os caminhões de mudanças”, informou Ramon Koelle, advogado dos moradores.
Por volta das 6 h, os moradores fizeram barricadas e puseram fogo em pneus e pedaços de madeira para impedir a entrada da PM. O acordo feito entre a liderança da comunidade e o capitão Hebert Moraes foi para que a Tropa de Choque recuasse, enquanto as famílias retornariam às casas para fazer a retiradas de pertences.
Na comunidade, localizada na Rua Doutor Soter Faria tem casas de alvenaria, inclusive sobrados, onde 57 famílias vivem há mais de 40 anos. De acordo com Suzete Maria Garcia Mendes, oficial de justiça do Fórum de Santo Amaro a área tem sete lotes e todos pertencem à Cristiane Copppola Bove Santos, entre outros proprietários.
O advogado das famílias, porém, diz que a antiga proprietária do terreno estava com processo de usucapião do local. “Só que usucapião é pessoal, você só pode usucapiar para você. Ela [proprietária] colocava outros para morar nessa área. Então, o processo de usucapião tinha que ser em nome dessas famílias”, defende.
Vitalina Cardoso Silva, de 48 anos é uma das moradoras mais antigas da comunidade. Ela diz que não tem para onde ir. “É muito triste, porque a minha vida eu fiz aqui. Meus filhos nasceram e se criaram aqui. Eu vim para cá com 18 anos”, lamenta.
Daniel Andrade, de 46 anos, motorista, morou durante um ano e meio no local. “Eu fui adotado por essa comunidade quando vim para cá. É difícil, época de fim do ano e Natal. Todo mundo sabia que um dia ia ter que sair, mas que fosse de uma forma digna, que viessem fazer um cadastro das pessoas, que oferecessem auxílio aluguel e alimentação”, reclamou.
Aos moradores, a prefeitura ofereceu abrigo. Os proprietários do terreno disponibilizaram 12 caminhões para a mudança, além de depósitos judiciais para onde serão levados os móveis por 30 dias.
Edição:Valéria Aguiar
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