Carolina Sarres*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que, entre 2005 e 2012, mais de 850 mil casos de transmissão do vírus HIV de mãe para filho tenham sido evitados. Uma das razões para isso é o uso de um novo tratamento antirretroviral, conhecido como Option B+, que aumentou a probabilidade de tratar de forma eficaz mulheres com HIV e prevenir a transmissão do vírus aos filhos durante a gravidez, informa o relatório As Crianças e a Aids: Um Balanço sobre a Situação em 2013, divulgado hoje (29) pelo Unicef. Ainda assim, só em 2012, cerca de 210 mil crianças morreram de doenças relacionadas à aids.
"Graças a um novo tratamento antirretroviral simplificado, que deve ser feito durante toda a vida [Option B+], há agora mais possibilidades de tratar eficazmente mulheres que vivem com o HIV e prevenir a transmissão do vírus aos seus bebês durante a gravidez, o parto e a amamentação", acrescenta o estudo.
De acordo com o diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, é possível que hoje uma mulher portadora do vírus HIV tenha uma vida saudável. "Hoje em dia, mesmo que uma mulher grávida viva com o HIV, isso não significa que o seu bebê tenha de ter o mesmo destino", disse.
Segundo o relatório do fundo da ONU, o Malawi, no Sudeste da África, foi o país pioneiro na oferta do tratamento Option B+, que é usado desde 2011. O país foi um dos que alcançaram os melhores avanços em relação à prevenção de novas infecções em recém-nascidos, com redução de 52% entre 2009 e 2012. Na região da África Subsaariana foram registrados os melhores progressos no mesmo período - as novas infecções em crianças recém-nascidas diminuíram 76% em Gana, 58% na Namíbia, 55% no Zimbábue, 52% em Botsuana e 50% na Zâmbia e na Etiópia.
Para o Unicef, é necessário que as crianças com o vírus recebam tratamento antirretroviral para que uma geração livre de aids se torne realidade. Em 2012, apenas 34% das crianças que vivem com HIV em países de baixo e médio rendimento receberam o tratamento de que precisavam. No caso de adultos, o percentual foi 64%.
De acordo com o fundo, além da melhoria dos índices de transmissão do vírus de mãe para filho, houve redução de novos casos de aids entre crianças. Em 2005, foram 540 mil novos casos. Em 2010, 260 mil.
Ao contrário da transmissão em recém-nascidos e crianças, o Unicef constatou que mortes de jovens entre 10 e 19 anos relacionadas ao vírus HIV aumentaram mais de 50% entre 2005 e 2012 - de 71 mil para 110 mil. Em 2012, havia 2,1 milhões de adolescentes portadores da doença.
O Unicef informou que se houver aumento de investimentos em intervenções de alto impacto até 2014, poderá ser evitada a contaminação de 2 milhões de adolescentes, especialmente meninas, até 2020. Essas intervenções incluiriam o uso de preservativos, tratamento antirretroviral, a prevenção da transmissão de mãe para filho e campanhas para mudança de comportamento
"Se intervenções de alto impacto forem ampliadas por meio do uso de uma abordagem integrada, podemos reduzir pela metade o número de novas infecções entre adolescentes até 2020. É uma questão de alcançar os adolescentes mais vulneráveis por meio de programas efetivos", disse o diretor.
*Com informações da Agência Lusa
Edição: Graça Adjuto