Recine 2013 começa hoje e mostra o Rio nas telas do cinema

25/11/2013 - 18h24

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O primeiro registro cinematográfico de que se tem notícia no Brasil teve a paisagem carioca como cenário. Foram imagens da Baía de Guanabara, captadas em 19 de junho de 1898 pelo italiano Afonso Segreto, um dos precursores do cinema no Brasil, juntamente com seu irmão Paschoal, responsável pela abertura da primeira sala de exibição do país. Desde então, a cidade do Rio de Janeiro, em suas mais diversas facetas, tem estado presente em obras do cinema brasileiro e internacional dos mais diversos gêneros.

Um resumo desta marcante presença poderá ser visto de hoje (25) até a próxima sexta-feira (29) na 12ª edição do Festival Internacional de Cinema de Arquivo (Recine 2013), evento feito anualmente pelo Arquivo Nacional e pela produtora Rio de Cinema, com o patrocínio do Ministério da Cultura e dos Correios. Na própria sede do arquivo e na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) serão exibidos nestes cinco dias, com entrada franca, mais de 70 filmes e promovidos debates e oficinas, sempre tendo como foco a importância da Cidade Maravilhosa no cinema.   

“O momento de grande transformação urbana que a cidade vive hoje teve influência na nossa escolha do Rio como tema do festival”, diz Mauro Domingues, curador do 12º Recine. “Mas não foi apenas isto. O Rio de Janeiro é sem dúvida a mais cinematográfica das cidades brasileiras e só por este fato merecia a homenagem”.

Em suas 11 edições anteriores, o Recine já teve como tema as presenças no cinema da televisão (2005), do rádio (2009), da música brasileira (2010) e da Itália (2011). No ano passado, o evento elegeu como temática a comédia, o mais popular dos gêneros do cinema.

A principal atração da noite de abertura, às 19h desta segunda-feira, é o filme Rio de Memórias, documentário feito em 1987 por José Inácio Parente. “O filme conta a evolução da fotografia no Brasil tendo o Rio como cenário e já recebeu mais de 200 prêmios”, diz Domingues. “Ao longo da história, os fotógrafos documentaram os costumes, os tipos humanos e as várias fases da arquitetura da cidade”.

Outra atração da sessão de abertura é um filme doméstico de dez minutos de duração. Produzido em 1931 por um cinegrafista amador e doado anos mais tarde à TV Brasil, o filme apresenta aspectos do Méier, tradicional bairro da zona norte carioca. “O nosso objetivo foi o de abranger o cenário mais amplo do Rio e o cinema caseiro não poderia ficar de fora”, explicou Domingues.

Ao longo da programação, o público poderá conferir imagens raras como as que mostram a então capital federal nos anos 1940, no documentário Cidade do Rio de Janeiro (1949), de Humberto Mauro; uma breve história de um gênero musical carioca em Maxixe, a Dança Perdida (1979), de Alex Viany, e a trajetória do arquiteto e urbanista Afonso Eduardo Reidy, em Reidy, a Construção da Utopia (2009),  de Ana Maria Magalhães.

Outros destaques são os resgates de Copacabana Mon Amour (1970), filme de Rogério Sganzerla, representante da fase tropicalista e que será exibido em versão restaurada; de Ladrões de Cinema (1977), de Fernando Coni Campos, e  de Ganga Bruta (1933), de Humberto Mauro. Este último, considerado um marco do cinema brasileiro, será exibido em sessão especial na quinta-feira (28), às 20h, na Cinemateca do MAM, com homenagem especial ao trabalho de restauração do acervo da Cinédia, grande produtora de filmes dos anos 1930 e 1940.

Haverá também uma homenagem especial ao ator e diretor Hugo Carvana, com a exibição de dois de seus filmes: Vai Trabalhar, Vagabundo (1973) e o recente Casa da Mãe Joana 2 (2013).

Importantes filmes do cinema internacional que tiveram o Rio de Janeiro como cenário também estão na programação. Entre eles, Interlúdio (1946), de Alfred Hitchcock; Orfeu Negro (1959), de Marcel Camus, e O Homem do Rio (1964), de Philippe de Broca.

Na sessão de encerramento, às 20h de sexta-feira (29), será exibido, em pré-estreia, o documentário A Arte do Renascimento: uma Cinebiografia de Silvio Tendler, de Noilton Nunes. Atualmente se recuperando de uma grave doença que o deixou tetraplégico, Tendler é um dos mais importantes documentaristas brasileiros. “É o que mais utilizou em seus filmes material de arquivo”, diz o curador Mauro Domingues, que também coordena o setor de processamento e preservação do acervo do Arquivo Nacional.

A programação completa do festival pode ser consultada no site www.recine.com.br . O Arquivo Nacional fica na Praça da República, 173, no Centro do Rio e a Cinemateca do MAM no Parque do Flamengo. 

Edição: Fábio Massalli

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