Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Dezenas de moradores de Bangu, bairro da zona oeste do Rio, cobraram hoje (1º) políticas públicas de segurança. Em protesto na porta do fórum onde um menino morreu baleado ontem (31), na troca de tiros entre policiais e bandidos, eles denunciaram que a prioridade do governo e da prefeitura do Rio é a zona sul, região que concentra bairros de classes média e alta.
"Não temos nada aqui, nem para Copa do Mundo, nem para Olimpíada", disse o comerciante Juan Figueiredo. Para ele, os governantes não se preocupam com o bairro. "Eles moram lá na Barra ou zona sul. Por que vão fazer pela gente?", questionou. "Só na eleição e olhe lá", disse durante o protesto.
Em frente ao fórum, a faixa dizia: "UPP na zona sul! Abandono e violência em Bangu!", em referência à ausência de unidades de Polícia Pacificadora no bairro. Foi em uma das favelas de Bangu que se tramou o resgate dos presos que prestavam depoimento no fórum, segundo o titular da Delegacia de Homicídios, Rivaldo Barbosa.
O cenógrafo Clácio Regis, que participou do ato, pediu unidade dos moradores para cobrar políticas públicas no bairro. "Bangu tem história. E, ao contrário do que as pessoas pensam, Bangu é um bairro mobilizado", disse.
A Polícia Civil identificou três homens envolvidos na tentativa de resgate por meio da análise de imagens de câmeras de segurança no tribunal. Uma delas é de Leandro Nunes Botelho, que é foragido da Justiça. Outras seis pessoas foram detidas, suspeitas de participar da ação.
"Leandro, conhecido como Scooby, foi quem orquestrou e atuou, com sua facção criminosa, dentro do fórum", disse o delegado Barbosa. Segundo ele, pelo menos cinco bandidos participaram da tentativa de resgate. "Foi uma ação ousada que vai ter uma resposta. O bem sempre vence o mal", emendou.
Nas ruas do entorno do fórum o clima é de comoção pela morte de Kayo da Silva Costa, de 8 anos, e de um policial militar, o sargento Alexandre Rodrigues Oliveira, 40 anos. Os comerciantes estão assustados e se lembram com pavor da tentativa de resgate. Eles pedem mais segurança quando houver depoimento de presos.
"Foi tudo em plena luz do dia, em uma das ruas mais movimentadas. Um tiroteio a céu aberto na porta do fórum", expõe sua indignação uma comerciante que pediu para não ser identificada.
Edição: Beto Coura
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