Carolina Sarres*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Alemanha convocou hoje (24) o embaixador dos Estados Unidos em Berlim, John Emerson, para prestar explicações sobre suspeitas de que os Estados Unidos teriam espionado o telefone celular da chanceler, Angela Merkel. De acordo com comunicado do porta-voz do governo, Steffen Seibert, há informações de que o celular da chanceler foi interceptado e o governo quer um "esclarecimento completo" e imediato sobre a suspeita.
"Entre amigos próximos e parceiros, como a Alemanha e os Estados Unidos têm sido há décadas, tal monitoramento de comunicações da chefe do governo simplesmente não tem de ocorrer. Isso seria uma séria quebra de confiança. Tais práticas têm de acabar imediatamente", informou o comunicado. Segundo a nota, Angela Merkel telefonou ao presidente norte-americano, Barack Obama, e disse que se as suspeitas forem comprovadas, a Alemanha as desaprova e as considera " totalmente inaceitáveis".
No documento, a Alemanha também expressou expectativa de que as autoridades norte-americanas esclareçam a dimensão dessas práticas e respondam aos questionamentos feitos meses atrás, quando o ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, foi aos Estados Unidos para obter esclarecimentos sobre a existência de um programa mundial de vigilância de comunicações eletrônicas. "O governo alemão espera que haja um acordo claro, em bases legais, para as futuras atividades de inteligência e cooperação entre os países", de acordo com a nota.
O porta-voz da presidência, Jay Carney, confirmou o telefonema entre os líderes e informou que Obama assegurou a Angela Merkel que suas ligações não foram interceptadas. “O presidente assegurou à chanceler que os EUA não espionam, e não espionaram, as comunicações da chanceler”, explicou Carney.
Nesta semana, foram divulgadas informações na imprensa internacional de que mais de 73 milhões de comunicações da França também foram monitoradas pelos Estados Unidos entre o final de 2012 e o começo de 2013. O jornal francês Le Monde noticiou, na segunda-feira (21), com base em documentos da Agência de Segurança Nacional (NSA) revelados pelo ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para o governo dos Estados Unidos, Edward Snowden, a existência de atividades de espionagem na França.
O presidente francês, François Hollande, manifestou, na segunda-feira, em telefonema para o presidente Barack Obama “profunda reprovação” e disse que as práticas do país são inaceitáveis. O embaixador dos Estados Unidos em Paris, Charles Rivkin, chegou a ser convocado para prestar explicações ao governo francês.
O diretor nacional dos Serviços de Informações dos Estados Unidos, James Clapper, disse que os textos publicados pelo jornal francês Le Monde “contêm informações imprecisas e enganosas”. Segundo ele, os dados divulgados são falsos. A porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Caitlin Hayden, explicou que todas as nações conduzem operações de espionagem.
Na terça-feira (22), outra reportagem do periódico revelou que não só os telefonemas da população estavam sendo espionados, mas também a embaixadas da França em Washington e a representação do país nas Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O descontentamento da França perante as alegações foi reiterado em seguida pelo chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, em um encontro com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em Paris, durante o qual foi renovada a exigência de explicações sobre as práticas de espionagem.
* Com informações da Agência Lusa // Edição: Denise Griesinger
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