Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, defendeu hoje (1) a reforma política e a reforma eleitoral para abrir espaços para os jovens na política, mas disse que não concorda com setores da imprensa que, segundo ele, tentam criminalizar a política, “pois isso vai acabar favorecendo certo tipo de fascismo. Não podemos identificar a política como uma atividade criminosa para não correr esse risco”, disse o ministro.
A participar do seminário internacional Juventude e Participação Política na Tomada de Decisões Públicas, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com a Organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ), Carvalho disse que, com as duas reformas, poderá ser garantido um espaço para os jovens no processo político, como resposta às manifestações de junho no país.
Para o ministro, a reforma política é necessária para obrigar os governos a agir com transparência e, dessa forma, combater a corrupção. Quanto à reforma eleitoral, ele disse que é preciso criar espaço para a participação dos jovens, com mudanças no “sistema perverso” que foi implantado no país, “em que o jovem não pode ser parlamentar se não tiver recursos econômicos. Do contrário, terá que ser financiado por empresários e ficará comprometido com eles. Essa situação afasta os jovens da política, ou faz com que eles acabem aderindo a velhas práticas do sistema”, acrescentou.
Carvalho informou que existe um projeto de lei de iniciativa popular, que já reúne “de 2 a 3 milhões de assinaturas”, para tentar mudanças na legislação, mas considera essa possibilidade “muito difícil com o atual Congresso”.
O secretário-geral da Presidência participou do painel “A situação atual, desafios associados ao desenvolvimento e juventude”, juntamente com a subsecretária-geral da ONU e administradora associada do Pnud, Rebeca Grynspan. Carvalho respondeu a perguntas sobre as manifestações de junho e destacou que “a responsabilidade de todos agora é enorme quanto às novas formas de fazer política”. Para ele, “o governo foi pego no contrapé” com as manifestações e sua rápida expansão pelo país, pois ninguém previu a eclosão de tais movimentos, que começaram em São Paulo, com protestos contra o aumentos das passagens de ônibus.
Segundo o ministro, o governo foi surpreendido com os protestos contra os gastos para construção dos estádios para a Copa de 2014, mas reconheceu que houve um erro, quando não se deu a atenção devida à saúde. “Fui ao encontro dos manifestantes em frente ao estádio de Brasília e uma mulher gritou para mim: 'Vocês gastam 1 bilhão [de reais] com esse estádio, enquanto minha mãe está em uma maca no HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).”
No entanto, disse Gilberto Carvalho, o governo soube interpretar as manifestações e deu uma resposta rápida, com a proposta de reforma política e o programa do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, além de, mais do que nunca, ouvir as reivindicações dos movimentos populares. Para o ministro, houve muitos avanços nos direitos sociais nos últimos anos, “mas a juventude foi à rua para manifestar sua insatisfação com o que já foi conquistado e exigir mais para mudar a cultura elitista do país, contra a corrupção na política e melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas falta muito para consolidar tudo isso".
Edição: Nádia Franco
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