Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As vendas de dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda fizeram a proporção do câmbio na dívida pública atingir o maior nível em oito anos. A fatia da dívida mobiliária (em títulos) interna corrigida por moedas estrangeiras subiu de 3,92% em julho para 6,06% em agosto. O percentual é o maior desde janeiro de 2005, quando atingiu 8,03%.
Apesar de não envolverem a emissão de títulos, as operações de swap cambial tradicional, que equivalem às vendas de dólares no mercado futuro, interferem na composição da Dívida Pública Federal (DPF) conforme os critérios usados pelo Banco Central. Pelos critérios do Tesouro Nacional, que desconsidera as operações de swap, a participação do câmbio na dívida mobiliária interna ficou estável em 0,65% em agosto.
A proporção do câmbio na dívida mobiliária interna tende a aumentar nos próximos meses por causa da decisão do Banco Central de injetar US$ 500 milhões diariamente no mercado futuro até o fim do ano. A despesa total deverá chegar a US$ 60 bilhões, além dos US$ 40 bilhões injetados entre maio e o fim de agosto.
A participação de papéis prefixados – com taxa de juros definida no momento da emissão – subiu de 38,95% em julho para 39,44% no mês passado. Em junho, a fatia desses papéis na dívida interna tinha batido recorde e atingido 41,20%.
A fatia dos títulos vinculados a taxas flutuantes, como a Selic (taxa de juros básicos da economia), caiu de 20,26% para 18,39%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação, no entanto, ficou praticamente estável, passando de 36,87% para 36,11%. Todos esses números também levam em conta as operações de swap pelo Banco Central.
Com taxas definidas no momento da emissão, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Isso porque o governo sabe exatamente o quanto vai pagar daqui a vários anos, no vencimento dos papéis. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima, caso o Banco Central tenha de reajustar os juros básicos por causa da inflação.
Depois de bater recorde em julho, quando atingiu 4,38 anos, o prazo médio da DPF caiu para 4,35 anos em agosto. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses subiu de 22,40% para 24,32%. Prazos mais longos são favoráveis ao Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de rolagem (renegociação) da dívida pública.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.
Edição: Juliana Andrade
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