Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Coligação dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro rebateu com indignação as declarações do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, publicadas no jornal O Globo de ontem (15), ao anunciar que vai usar policiais recém-formados na instalação de delegacias policiais em comunidades pacificadas porque ainda estão "sem os vícios da guerra e da corrupção".
Em nota, a coligação informa que o secretário comete grave erro ao acusar a Polícia Civil do Rio de Janeiro de ser um grupo de guerrilheiros e corruptos. "Se é notório que existem policiais que desviam da indispensável conduta ética e legalista que exige a profissão, é no mínimo uma generalização enquadrar o efetivo de 10 mil funcionários em uma acusação simplista e não condizente com a realidade".
Segundo a entidade, a grande maioria dos policiais civis, vivendo na precariedade salarial e de condições de trabalho, desdobra-se diariamente para fazer as suas funções de trabalhadores da segurança pública com honestidade. "Sem que, com isso, tenham o mínimo: a garantia de uma vida digna para eles e seus familiares. Acusar os trabalhadores não ajuda em nada na construção de uma instituição com maior eficiência democrática e mais transparência".
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Fernando Bandeira, disse que a entidade sempre defendeu, desde o início do Programa de Polícia Pacificadora, a presença dos policiais civis nas unidades. Para ele, não pode haver somente a Polícia Militar na investigação, que é atribuição da Polícia Civil (polícia judiciária). Bandeira questionou também a declaração do secretário José Mariano Beltrame, de que os policiais recém-formados ainda estão sem os vícios da "guerra e da corrupção.”.
Segundo Beltrame, muitos policiais antigos não têm o vicio da guerra nem da corrupção. “Nós defendemos a presença de policiais experientes juntos com os jovens. É necessária a presença dos jovens policiais sempre acompanhados dos policiais mais experientes como os comissários, oficiais de cartório e escrivães para dar maior sustentação às investigações”.
Bandeira aproveitou para falar que se houvesse a presença da Polícia Civil nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o caso Amarildo, na comunidade da Rocinha, certamente estaria resolvido. “Para qualquer ocorrência que necessite de uma investigação, se a Polícia Civil estivesse presente na UPP não haveria a necessidade de levar a ocorrência para delegacias distantes.”
Edição: Fábio Massalli
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