Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Há pouco mais de uma semana no cargo, o novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, de 58 anos, já demonstra como será seu estilo de coordenar a diplomacia. Ele abriu a agenda a embaixadores aposentados, interessados em dar sugestões, e orientou a equipe que quer uma diplomacia focada nas questões sociais, na defesa dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável.
Com 33 anos de carreira diplomática, Figueiredo é conhecido no Itamaraty por participar diretamente de grandes negociações multilaterais. A característica fez dele uma pessoa pouco afeita aos limites dos gabinetes. Ao assumir, no último dia 28, determinou a descentralização de várias áreas concentradas no gabinete do ministro.
Acostumado a longas negociações, Figueiredo determinou ainda aos diplomatas que, daqui para a frente, devem ser elaboradas, com antecedência, minutas sobre os temas que serão abordados nas discussões previstas. Mesmo que os documentos sejam refeitos em cima da hora, o chanceler quer que se torne um hábito a elaboração das chamadas minutas.
Paralelamente, ele deixou claro que pretende reforçar a proposta de lançamento de consultas públicas sobre assuntos de interesse nacional e que envolvam diretamente o Itamaraty. Recentemente, o ministério abriu à discussão pública a proposta do Brasil para combater o trabalho infantil, levada para a Organização das Nações Unidas (ONU).
Para o ministro, é fundamental ampliar o espaço de discussões nas redes sociais Twitter e Facebook, assim como no blog do Itamaraty. Em conversas com assessores, ele costuma dizer que esses são os canais de contato com a sociedade civil, o que define como diplomacia pública.
Figueiredo conquistou, nos últimos dias, a confiança e o respeito dos embaixadores antigos. Ele recebeu alguns em seu gabinete e com outros, conversou por telefone. Cada um alternou desejos de sorte com sugestões, o novo chanceler ouviu e anotou comentários.
Formado em direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Figueiredo começou a carreira diplomática em 1980. Ele trabalhou em postos em Nova York e Washington (Estados Unidos), Santiago (Chile), Ottawa (Canadá) e Paris (França). Como chefe de delegação em conferências, reuniões e cúpulas, destacou-se como negociador firme, mas paciente.
Figueiredo foi o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho de 2012, no Rio de Janeiro. Na ocasião, mostrou habilidade e conquistou a confiança da presidenta pela disposição em negociar pacientemente com os que resistiam a acordos. Mas eles se conheceram na Conferência das Partes (COP), na Dinamarca, quando a presidenta ainda estava na Casa Civil.
Depois da Rio+20, Figueiredo Machado foi nomeado representante do Brasil na ONU. A nomeação para a organização é considerada, entre os diplomatas, valorização do profissional, pois a entidade é o principal órgão internacional de negociações multilaterais. O cargo agora será ocupado pelo ex-chanceler Antonio Patriota.
Edição: Graça Adjuto
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