Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As agressões feitas a profissionais da imprensa durante a cobertura dos protestos de 7 de Setembro foram criticadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). As entidades contabilizam pelo menos cinco casos de agressão a repórteres em quatro cidades: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Manaus.
De acordo com a Fenaj, apesar de ter havido relatos de ameaças feitas por manifestantes a jornalistas, os maiores problemas foram causados pela polícia. “Verificamos que há despreparo total da polícia na contenção desses movimentos. As academias de polícia precisam reformar seus currículos. Não se pode tratar manifestantes pacíficos e profissionais em trabalho como se fossem bandidos”, disse à Agência Brasil o diretor de Relações Institucionais da Fenaj, José Carlos Torves.
“Estamos apurando a abrangência e a gravidade desses casos para nos manifestarmos posteriormente e tomarmos as medidas necessárias junto às secretarias de Segurança dos estados, à Secretaria Nacional de Direitos Humanos e ao Ministério Público”, explicou o dirigente.
Representando 3 mil emissoras privadas de rádio e televisão no país, a Abert divulgou ontem (8) uma nota de repúdio à violência contra profissionais da imprensa no Dia da Independência (7). Segundo a nota, as agressões partiram “tanto de policiais como de manifestantes, com a intenção de impedir o registro dos fatos”.
A nota, assinada pelo presidente da entidade, Daniel Pimentel Slavieiro, considera “inaceitável que se imponha limites, de qualquer ordem, à atividade jornalística, pelo grave prejuízo que causam ao conjunto da sociedade, que tem violado seu direito fundamental de acesso à informação”.
Mais preocupado com os problemas causados pela Polícia Militar, o diretor da Fenaj disse que os policiais trabalham “de forma extremamente agressiva” nesses eventos e "costumam se revoltar" quando suas ações são registradas por jornalistas. “E quando esses policiais veem câmera, microfone ou o profissional da imprensa trabalhando, eles usam da agressão na tentativa de evitar registro do barbarismo que cometem”, completou.
“Eu até entendo quando alguns manifestantes ameaçam jornalistas porque, no caso, são baderneiros sem nenhum comando que, assim como agridem jornalistas, praticam vandalismo contra tudo o que aparece. O que nos surpreende são fatos como o ocorrido ontem em Brasília, quando agrediram uma jornalista por ela estar de capacete e câmera”, disse José Carlos Torves.
Também em Brasília, o repórter da Agência Brasil Luciano Nascimento foi agredido com spray de pimenta e empurrões por três integrantes da PM, no Setor Hoteleiro Sul. Ele havia testemunhado um soldado da Tropa de Choque atirando bomba de gás lacrimogênio contra a cabeça de um manifestante e, ao apurar o ocorrido, foi agredido mesmo após ter se identificado.
Posteriormente, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) divulgou nota de repúdio à agressão sofrida pelo repórter e o governo do Distrito Federal informou que solicitará a instauração de sindicância para apurar os fatos.
Segundo o diretor da Fenaj, ações policiais como essas vão contra algo que já é instituído em praticamente todo o planeta: liberdade de imprensa e respeito ao trabalho do jornalista.
“No caso dos manifestantes, sabemos que também há casos de insatisfação com a forma como as notícias são produzidas ou feitas. Confundem jornalista com a empresa e descarregam a insatisfação na pessoa que apenas submete seu trabalho aos padrões editoriais da empresa”, argumentou.
Edição: Davi Oliveira
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