Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - Começou hoje (9) em Havana, Cuba, o décimo quarto ciclo de discussões entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), pelo fim do conflito. Há expectativa de que o segundo ponto em discussão – a participação política dos membros das Farc – avance e que seja firmado algum acordo sobre o tema.
Antes de partir para Cuba, a delegação de negociadores do governo se reuniu ontem (8) com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos. O negociador-chefe, Humberto de la Calle, disse após encontro com Santos, que recebeu instruções para a rodada do presidente. Segundo ele, a mesa enfrenta um momento especial. “Vamos reiniciar as conversações com o propósito de aprofundar a discussão, especialmente quanto aos temas mais críticos. Eu creio que está chegando um momento de tomada de decisões.”
Embora as negociações sejam secretas, em Havana, especula-se que a mesa deverá discutir uma visita dos presidentes dos partidos políticos colombianos a Cuba. A proposta seria a discussão de mecanismos para referendar os acordos que possivelmente serão firmados.
Nas últimas semanas, as Farc e o governo não entraram em acordo quanto à proposta de um referendo para “validar” tais acordos. O governo propõe uma consulta no dia das eleições presidenciais em maio do ano que vem, a guerrilha, no entanto, declarou que não aceitava a proposta.
Ao reiniciar os diálogos, o governo colombiano recebeu uma carta da Igreja Católica e da Redepaz – organização que reúne representações da sociedade civil – reivindicando que também seja iniciado um processo de paz com o Exército da Libertação Nacional (ELN).
Há no país, a expectativa de que também seja anunciado o início de diálogos com o ELN, mas ainda não houve um anúncio do governo de como e quando esse processo poderia ser iniciado. O presidente já declarou estar pronto para negociar com a guerrilha.
A carta também pede que a reparação das vítimas e o reconhecimento de direitos, de justiça e reparação, sejam tratados de forma prioritária na mesa de negociação. O documento foi enviado no momento em que se inicia a Semana pela Paz no país.
O processo com as Farc iniciado há 11 meses, depois de um período de conversas prévias em que se definiram os temas da negociação, é marcado por manifestações de apoio ou resistência. A negociação em si, que é lenta e delicada, é constantemente alvo de críticas de setores políticos e sociais, contrários ao fechamento de um acordo.
Ao liderar a quarta tentativa de negociação de paz na Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos, enfrenta adversários, fortes, como o ex-presidente Álvaro Uribe. Também eclodem no país manifestações de camponeses e trabalhadores que promovem protestos desde julho em algumas regiões do país.
Com a menor aprovação registrada desde o início do mandato (cerca de 20%), o presidente colombiano trocou ministros na semana passada e tenta reajustar o governo, para um período de consolidação do processo de paz (caso os acordos sejam firmados).
Apesar das resistências externas e aparentes crises na mesa, fontes próximas aos negociadores dizem que o processo em Havana continua em um “bom ritmo”. “Uma coisa são os discursos e declarações políticas de ambas as partes, outra coisa é o que acontece na mesa, lá os acordos estão sendo bem encaminhados”, disse à Agência Brasil, um funcionário do governo colombiano, que participa do processo.
Edição: Talita Cavalcante
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