Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende o diplomata Eduardo Saboia, responsável pela retirada do senador Roger Pinto Molina da Bolívia para o Brasil, deve entrar hoje (9) com um requerimento para que seu cliente preste depoimento apenas depois de ter acesso a todos os documentos sobre o caso. Ele vai protocolar o requerimento na comissão de sindicância, que investiga a atuação de Saboia no processo.
A defesa de Saboia quer ter acessos a todos os e-mails, telegramas e notas trocados entre a Embaixada do Brasil na Bolívia, o Ministério das Relações Exteriores e a Presidência da República. A relação de documentos é extensa e mantida pela comissão em caráter sigiloso.
Paralelamente, Ophir vai solicitar que Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia, seja arrolado como testemunha pela comissão no processo que investiga a atuação de Saboia. Ele conversou com Fernando Tibúrcio Peña, que defende o boliviano, e ambos consideram que o depoimento pode ser esclarecedor e indicar a verdade.
“A expectativa é que o senador fale à comissão o que ocorreu e conte em detalhes como foram os 15 meses na embaixada brasileira em La Paz”, disse Ophir, lembrando que a primeira audiência de Saboia na comissão está marcada para o dia 12, às 9h.
Ophir e Tibúcio conversaram ontem (8), por telefone. “É importante que a comissão ouça o senador Pinto Molina porque o ministro [encarregado de Negócios do Brasil na Bolívia] Saboia se envolveu na questão por causa dele. É fundamental ouvi-lo para entender o que ocorreu ao longo do processo”, disse Tibúrcio à Agência Brasil.
Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da Embaixada do Brasil em La Paz. O ex-encarregado de Negócios é acusado de quebra de hierarquia. A defesa nega.
O parlamentar boliviano foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil em uma operação organizada por Saboia no último dia 22, desencadeando uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.
No Brasil há 15 dias, Pinto Molina é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.
Edição: Graça Adjuto
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