Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Que Não Se Aprende na Internet foi o tema abordado hoje (6) pela cientista social Natália Menhem no Acampamento, ambiente voltado para o público jovem da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. Ela disse que a integração das pessoas via novas plataformas tecnológicas amplia o compartilhamento do conhecimento. “E todo mundo que tem mais conhecimento, tem mais consciência para tomar decisão”, indicou.
Embaixadora do programa TEDx no Brasil, criado pela organização internacional TED (Tecnologia, Entretenimento, Design), fundação dedicada às “ideias que merecem ser compartilhadas”, Natália defendeu as manifestações populares convocadas via redes sociais que ocorrem no Brasil desde junho deste ano.
O TEDx é um programa de eventos locais, organizados de forma independente, que reúne pessoas para dividir experiências. Em novembro de 2009, o país teve seu primeiro TEDx, em São Paulo. Além de tecnologia e design, os encontros discutem também outros aspectos de ciência e cultura.
Atuante nas redes sociais, “porque acho uma ótima forma de compartilhar o que a gente pensa”, Natália salientou, em entrevista à Agência Brasil, que o TEDx reúne pessoas engajadas que acreditam que esse compartilhamento pode mudar o mundo.
A cientista social lembrou que, há cerca de duas semanas, o Rio de Janeiro sediou o TEDx Maré, na comunidade do mesmo nome, na zona norte da cidade, que contou com a presença de autoridades como o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Hoje, a organização TED tem eventos em todo o Brasil, “do Oiapoque ao Chuí”, apesar de haver dificuldade de patrocínio, segundo explicou. E as convocações são sempre por meio da internet.
Natália disse que a comunidade se comunica ou se conecta online, mas é fora da internet que os relacionamentos ocorrem. O que se pode aprender, em primeiro lugar, observou a cientista social, é que a internet é apenas um meio. “Coisas teóricas, a gente pode aprender muito bem na internet. Coisas práticas e, principalmente, relacionamentos, pessoas, a gente não aprende na internet. Sem falar nas sensações”. Isso tudo, assegurou, é o que forma a possibilidade de uma sociedade mais cooperativa e em rede.
A internet e, por extensão, as redes sociais, dão uma noção de como o mundo pode ser pequeno e como as ideias podem se espalhar. “O mundo está muito perto”, avaliou. A dúvida, expôs Natália, é o que a sociedade vai fazer com isso. Com o programa TEDx, por exemplo, ideias são compartilhadas no Brasil e podem ser úteis na China ou na Índia. A limitação a um único meio de comunicação, entretanto, pode fazer o ser humano perder chances importantes.
Natália disse que uma plataforma como o TEDx, que objetiva colocar pessoas de comunidades locais para falar do seu conhecimento “permite criar uma microrrevolução, sem esperar que o sistema decida isso por elas”.
A cientista social admitiu que as manifestações “podem virar baderna ou paquera, na medida em que resultam do encontro de gente”. Mas disse que não se pode generalizar “que é só uma coisa ou outra”, porque se tira o valor da diversidade. Sobre a questão do anonimato, ela acredita que, em breve, não haverá mais distinção entre a comunicação off-line e online.
“A internet é um meio para a gente se manifestar. Se você não tem coragem de pôr sua cara na vida real, não vai pôr também na internet. Se a gente pensa assim, consegue entender que é uma coisa só. A gente não é dividido".
Edição: Davi Oliveira
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