Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), classificou hoje (27) de “absurda” a decisão do diplomata Eduardo Paes Saboia, encarregado de negócios do Brasil na Bolívia (o equivalente a embaixador interino), de retirar o senador boliviano Roger Pinto Molina da representação brasileira, onde estava asilado há mais de um ano, e trazê-lo ao Brasil sem o salvo-conduto do governo boliviano.
Para Chinaglia, depois do episódio, a situação do então ministro de Relações Exteriores Antonio Patriota, exonerado ontem (26) pela presidenta Dilma Rousseff, ficou insustentável. “Não podemos conviver com uma situação dessas, em que o encarregado de negócios toma uma decisão sem ter nenhum tipo de respaldo”, frisou Chinaglia.
Ele acrescentou que a saída do parlamentar boliviano sem um acordo diplomáticos entre dois países é “inexplicável”. “Houve quebra de hierarquia. Imagine se nas relações internacionais cada, nem digo o encarregado de negócios, mas se cada embaixador começar a tomar decisões de acordo com seu critério e não segundo a política de Estado. É absolutamente absurda uma situação dessas.”
Na sexta-feira (23), o parlamentar boliviano, que ficou abrigado na embaixada brasileira em La Paz por 15 meses, deixou o local com a ajuda do diplomara Eduardo Saboia sem o salvo-conduto do governo de Evo Morales. O boliviano chegou no sábado (24) ao Brasil por Corumbá (MS), depois de uma viagem de carro de mais de 20h, onde se encontrou com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
Ontem (26), o Itamaraty instaurou uma comissão de sindicância para apurar responsabilidades sobre a retirada do senador Roger Pinto Molina da Embaixada do Brasil. O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, pediu explicações ao Ministério das Relações Exteriores sobre o episódio.
No Brasil, Eduardo Saboia apontou o estado crítico de saúde do boliviano como um dos motivos para retirada de Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz. Ponto questionado por Chinaglia: “O que chama a atenção na postura do encarregado de negócio, é que ele disse que o senador estava deprimido, com a saúde deteriorada. Mas desde que ele [Pinto Molina] chegou aqui não foi a nenhum hospital, que eu saiba, e não está demonstrando nenhum sinal de depressão.”
Segundo ele, um médico deveria ter atestado a situação de saúde o parlamentar boliviano para reduzir o grau de “subjetividade”. “Estou manifestando uma dúvida e não se pode minimizar, mas se estava preocupado com saúde, poderia ter levado um médico lá dentro [da embaixada], nem que fosse um médico brasileiro.”
Edição: Talita Cavalcante//Matéria ampliada às 12h22.
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