Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O saldo negativo das transações correntes, que são operações de compra e venda de mercadorias e serviços do país com o resto do mundo, de US$ 9,018 bilhões, em julho, é o mais elevado para o período. A série histórica do Banco Central (BC) começou em 1947.
Nos sete meses do ano, o saldo negativo das transações correntes ficou em US$ 52,472 bilhões, contra US$ 28,990 bilhões em igual período de 2012. Esse resultado correspondeu a 3,95% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, essa relação estava em 2,24%.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, ressaltou que, apesar do crescimento, o saldo negativo é coberto, principalmente, do investimento estrangeiro direto. Esse investimento, que vai para o setor produtivo da economia, chegou a US$ 5,212 bilhão, em julho, e a US$ 35,239 bilhões, nos sete meses do ano.
“É a melhor forma de financiar o déficit em transações correntes [por ser de longo prazo]. Mas existem outras fontes que continuam fluindo favoravelmente”, disse Maciel.
O país também recebeu investimentos estrangeiros em ações negociadas no Brasil e no exterior que registraram ingresso líquido de US$ 269 milhões, em julho, e de US$ 6,547 bilhões, nos sete meses do ano. Também houve investimentos em títulos de renda fixa negociados no país, com ingresso líquido de US$ 4,235 bilhões, no mês passado, e de US$ 15,272 bilhões.
Maciel disse ainda que, se alta do dólar persistir, o déficit em transações correntes tende a se reduzir. Um dos itens dessa conta de transações correntes é viagem internacional. “Se persistir esse câmbio, é possível que tenhamos reações em algumas contas de transações correntes”, destacou.
Com o dólar em alta, a expectativa é que, nos próximos meses, os gastos de brasileiros em viagens internacionais se reduzam.
Também há estimativa de redução das importações. “As importações de bens de consumo tendem a reagir de forma mais rápida, nos próximos meses”, disse Tulio Maciel.
Segundo Maciel, as remessas de lucros e dividendos ao exterior também tendem a reagir, já que com o dólar mais alto fica mais caro enviar os recursos para fora do país.
Edição: Juliana Andrade
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