Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O estudo Demografia das Empresas 2011, divulgado hoje (23), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que aquelas de alto crescimento responderam por mais da metade (56,2%) dos empregos criados no Brasil entre 2008 e 2011 – 3,2 milhões do total de 5,7 milhões de novos assalariados. Empresas de alto crescimento são aquelas cujo número de empregos cresceu, pelo menos, 20% ao ano nos últimos três anos, de acordo com a gerente de Análise do Cadastro Central de Empresas (Cempre) do IBGE, Denise Guichard Freire.
Em 2011, havia no país 34.528 unidades de alto crescimento, que representavam 0,8% do conjunto de empresas ativas no país e contratava 13% do pessoal ocupado formal total (5 milhões de pessoas) e 15,4% do pessoal ocupado assalariado. Os pagamentos feitos pelo setor correspondia a 14,4% do total de salários e outras remunerações do país.
A gerente observou que, embora representativo, o percentual de novos assalariados de empresas de alto crescimento, em 2011, foi similar ao dos anos anteriores. Entre 2007 e 2010, o índice apurado foi 58,2%; entre 2006 e 2009, 59,6%. De 2005 a 2008 o percentual ficou em 57,4%.
As empresas de alto crescimento ocupavam 90,1% do pessoal assalariado sem nível superior e 9,9% com nível superior completo, dentro da média geral que era, respectivamente, 90% e 10%. Na análise por sexo, há diferenças. A participação de homens nessas empresas se mostra acima da média. “[No total], 67% da força de trabalho dessas empresas são homens, enquanto que, se considerar todas as empresas, você tem em torno de 63%”, explicou a gerente do IBGE. Isso ocorre porque muitas dessas empresas de alto crescimento têm atividades tipicamente masculinas, como é o caso da construção civil.
Por grupos de atividade econômica, a indústria de transformação lidera o saldo de empregos gerados no Brasil pelas empresas de alto crescimento entre 2008 e 2011, de acordo com o estudo do IBGE, com 23,2% ou 744,9 mil vagas do total de 3,2 milhões de novos assalariados. Aparecem em seguida os setores da construção, com 578,8 mil novos empregos (18% do total); de atividades administrativas e serviços complementares, com 17% (546,5 mil); e do comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (16% do total ou 512,7 mil assalariados adicionais).
Os dados mostram também que a liderança no pessoal ocupado assalariado nas empresas de alto crescimento é exercida pela construção de edifícios, com 8,5% do total, ou 272,8 mil pessoas. Em seguida, aparecem locação de mão de obra temporária (141,9 mil novos assalariados), limpeza de prédios e em domicílios (109,8 mil) e comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios (100,2 mil).
“Essas atividades se repetem no estudo que a gente faz desde 2008. O que tem mudado ao longo dos anos é a ordem em que elas aparecem. Por exemplo, em 2011, a gente observou que o comércio tem aparecido em uma colocação cada vez melhor”, disse a gerente. Na divulgação do Cadastro Geral de Empresas, em maio, o IBGE já tinha apontado a liderança do comércio na geração de emprego formal no país. “E agora, a gente está vendo esse dado refletido na demografia das empresas, porque o comércio é muito ligado ao aumento da renda, à disponibilidade de crédito, e isso acaba gerando empregos na área”, completou Denise Freire.
No ano pesquisado, o setor do comércio liderou a distribuição das empresas de alto crescimento por atividade econômica, com 26,7% do total, seguido da indústria de transformação (23,3%) e da construção (12,9%).
Apesar de mostrar aumento de 11,5% na quantidade de empresas de alto crescimento no Brasil no período 2008-2011, a gerente do IBGE disse que a relação entre o número de empresas de alto crescimento em comparação ao número de empresas com mais de dez pessoas ocupadas assalariadas caiu de 8,3%, em 2008, para 7,7%, em 2011.
“O número de empresas sempre aumenta, mesmo paulatinamente. Mas, para uma empresa ser considerada de alto crescimento, ela tem que entrar nesse critério [de ampliar o número de emprego em 20% ao ano, no mínimo, nos últimos anos]”. A cada ano, isso se torna mais difícil, segundo ela.
Edição: Talita Cavalcante
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