Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu hoje (21) que quaisquer medidas de sanção ou restrição ao Egito, devido ao agravamento da crise no país, sejam adotadas em nível multilateral. Patriota descartou a hipótese de o Brasil suspender os acordos existentes, pois, para ele, as medidas devem ser definidas com base nas orientações do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A onda de violência no Egito provocou 750 mortos em apenas três dias.
Segundo o ministro, a preocupação do governo brasileiro é que eventuais medidas afetem a população civil. “O que nós defendemos é um debate multilateral e que, se houver alguma razão para a adoção de sanções, que sejam desenhadas de tal maneira que não tornem o sofrimento da população civil maior do que já, é em função dos distúrbios e da violência”, explicou Patriota após reunião, com o chanceler do Níger, Mohamed Bazoum, no Palácio Itamaraty.
De acordo com Patriota, o governo brasileiro acompanha de forma detalhada a situação no Egito. O chanceler do Níger lamentou o agravamento da situação e disse que o golpe de Estado que levou à destituição do presidente Mohamed Mursi é inadmissível. “Pedimos a abertura de diálogo e solução pela via democrática”, ressaltou Bazoum.
Mesmo com as dificuldades causadas pelos impactos da Primavera Árabe, em 2011, no Egito, o país não reduziu o volume de comércio com o Brasil. Ao lado da Arábia Saudita, da Turquia e do Irã, o Egito está entre os principais parceiros do Brasil entre os países com maioria de muçulmanos. No ano passado, o volume do comércio bilateral atingiu US$ 2,7 bilhões.
A postura brasileira de evitar sanções ao Egito é adotada no mesmo momento em que os chanceleres dos 28 países que integram a União Europeia anunciam a suspensão das licenças de exportação de equipamentos de segurança e de armas para o país africano. Em reunião extraordinária hoje em Bruxelas, os ministros da UE decidiram rever a ajuda ao Egito, em resposta à onda de violência, que em três dias matou 750 pessoas no país.
Patriota lembrou que o Brasil condena a violência e a violação aos direitos humanos no Egito. Na semana passada, após a onda de violência, o embaixador do Egito no Brasil, Hossam Edlin Mohamed Ibrahim Zaki, foi chamado ao Ministério das Relações Exteriores, para prestar esclarecimentos e ouvir das autoridades brasileiras o protesto em relação aos confrontos no país.
Edição: Nádia Franco
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