Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Especialistas estrangeiros fizeram hoje (20), no seminário internacional O Trabalho e a Competitividade no Brasil e no Mundo, exposição sobre as condições do mercado de trabalho em seus países. Na Itália, disse o ex-ministro Michel Martone, o déficit público tem sido, historicamente, um dos grandes entraves para a garantia de direitos trabalhistas. Segundo ele, a inflação gerada pelos gastos do Estado faz a população perder poder aquisitivo e o país se tornar menos competitivo que outros países, especialmente os países em desenvolvimento.
Para ele, atualmente, os sindicatos dos trabalhadores italianos são deficientes no sentido de não proteger aqueles que estão no setor informal, que está em crescimento, devido aos custos da contratação formal. “O mercado de trabalho se divide entre os que têm estabilidade e direitos e os outros, contratados pela economia paralela”, explicou Martone.
Além disso, os altos custos fazem com que muitas empresas migrem para outros países, prejudicando os níveis de emprego, particularmente entre jovens. “Não podemos descarregar sobre os novas gerações os custos das anteriores. A Itália é o segundo país mais velho do mundo. E isso se deve à fuga dos jovens do país pela redução dos direitos e pela falta de oportunidades”, disse.
Na França, o advogado trabalhista Olivier Angotti apontou a deficiência de profissionais com perfil técnico, o que, segundo ele, também ocorre no Brasil. Angotti disse que isso tem levado o governo francês a mediar mecanismos de diálogo com o empresariado, universidades e escolas, na tentativa de inserir nos currículos matérias voltadas às áreas sensíveis.
“Temos muitos alunos em cursos de literatura, mas poucos encanadores, por exemplo. O desafio tem sido oferecer um novo diálogo entre indústria e universidade. Por muitos anos, a França teve como meta fazer com que 80% de cada geração tivessem bacharelado. Agora, não temos mais essa necessidade, precisamos de pessoas capazes de desemprenhar determinadas tarefas”, afirmou.
O advogado trabalhista Johan Lubbe ressaltou que, nos Estados Unidos, a desburocratização do processo de contratação ajudou a incrementar a competitividade do país. De acordo com Lubbe, em seu país, o Estado só interfere nas relações trabalhistas quando é absolutamente necessário. Cabe sempre às partes definir seu relacionamento.
“A flexibilidade para fazer mudanças, às vezes, salva empregos. E isso inclui a fácil contratação. A fonte primária de segurança nos Estados Unidos é criar empregos. Muitas eleições presidenciais se fundamentam nisso”, explicou Lubbe.
O advogado mexicano Oscar de La Vega destacou as mudanças introduzidas no mercado de trabalho de seu país pelas novas tecnologias da informação, como a possibilidade, prevista em lei, de trabalhar em casa, por meio do home office. A terceirização também foi, recentemente, objeto de regulamentação no país: ficou estabelecido que os contratados dessa forma não podem representar a totalidade dos empregados, têm de ser especializados e não podem desempenhar tarefas semelhantes às dos funcionários do quadro.
Participaram da abertura do seminário os ministros Manoel Dias, do Trabalho, e Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, e o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Carlos Alberto Reis de Paula, além de representantes de trabalhadores e empregadores.
Edição: Nádia Franco
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