Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Dezenas de jovens que ocupam a Câmara Municipal de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, há quase duas semanas, farão no fim da tarde de hoje (20) um ato público no local para pedir a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Desabrigados.
A CPI foi proposta pelo vereador Henrique Vieira (PSOL) em março, três anos depois da tragédia no Morro do Bumba, para apurar as denúncias de desvios de verbas públicas e de irregularidades no atendimento às vítimas dos desastres ocorridos por causa da chuva em 2010. Niterói foi um dos municípios mais afetados pelas chuvas de março e abril de 2010, com mais de 140 mortos.
Um dos participantes da ocupação, o professor Edson Amaro, que dá aulas de português da rede estadual, disse que espera pressionar os parlamentares a criarem a CPI. “Estamos nos revezando aqui desde 8 de agosto para pressionar os vereadores”. Para que a CPI seja instaurada, é preciso recolher assinaturas de sete vereadores, de um total de 23. Falta apenas uma assinatura. “Aquelas pessoas que perderam suas casas e suas famílias estão até hoje alojadas no antigo quartel de São Gonçalo [para onde muitas vítimas das chuvas foram levadas] em péssimo estado. Convivem com esgoto a céu aberto, infiltrações. Queremos apurar responsabilidades e queremos soluções para essas famílias”, disse Amaro.
Os manifestantes têm outras pautas, como salário digno para os professores, atualmente em estado de greve, e mais investimento na educação. Eles informaram que vão permanecer na câmara até que suas demandas sejam atendidas.
Em nota divulgada na semana passada no site da Câmara, a Mesa Diretora repudiou a ocupação do plenário. Segundo a nota, o ato prejudica os trabalhos na Casa. “A longa e extensa pauta de reivindicações dos manifestantes, com 34 itens, pouco pode ser absorvida pela Câmara de Vereadores. Das [reivindicações] que podem, todas estão em discussão pela Casa dentro do processo legislativo”, destaca o comunicado.
Edição: Juliana Andrade
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil