Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A Secretaria de Estado do Ambiente do governo do Rio de Janeiro vai oferecer recompensa por meio do serviço Disque-Denúncia para prender os assassinos do espanhol Gonzalo Alonso Hernandez, 49 anos, morto com um tiro na nuca no dia 6 deste mês, no sítio onde morava, em Rio Claro, sul do estado. O anúncio foi feito pelo secretário Carlos Minc, que esteve na manhã de hoje (15), com a viúva e os irmãos do ambientalista, em uma audiência com a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, no centro do Rio.
Minc disse ainda que, segundo a polícia, o crime foi cometido por pessoas que estavam incomodadas com a atuação do biólogo no combate à atuação de caçadores, palmiteiros ilegais e outros devastadores do meio ambiente na região.
“Não foi um crime de profissional, não foi uma coisa externa. Ele [Gonzalo] foi arrastado 10 metros com folhas de bananeira e [o colocaram] com uma pedra de 60 quilos em cima no local mais fundo do rio. As pessoas conheciam o único local mais fundo do rio [onde o cadáver foi jogado]. Ou seja, conheciam a região”, comentou Minc.
A viúva Maria de Lourdes Pena Campos, que vive na capital e passava o fim de semana com o marido, disse que, embora o biólogo fosse muito atuante na denúncia contra crimes ambientais, ele nunca chegou a comentar sobre ameaças, pois evitava incomodá-la com o assunto. Os assassinos levaram apenas o laptop do biólogo, que, segundo a viúva, continha fotos e arquivos das denúncias que ele fazia.
“Eu não ficava direto lá em cima [no sítio], quando ia era para curtir, para passear. Ele me preservava muito, não me contava detalhes das ações, até porque, quando me contava alguma coisa, eu o reprimia, pois tinha medo”, contou ela. “Se houvesse alguém pegando pássaro, ele chegava para a pessoa e dizia que não podia, que ali era um parque. Ele não tinha medo”, comentou.
Gonzalo já havia plantado cerca de 4 mil árvores na área do Parque Estadual Cunhambebe, no distrito de Lídice. O parque foi criado em 2008 e tem 38 mil hectares, abrangendo os municípios de Angra dos Reis, Rio Claro, Mangaratiba e Itaguaí. Lourdes disse que o marido vivia há 16 anos no Brasil e largou uma carreira de executivo na área de marketing para se dedicar à preservação do meio ambiente.
“Ele tinha a opção de voltar para a Espanha, mas preferiu levar uma vida totalmente diferente, trabalhar com o que ele gostava, no meio do mato. A história dele não pode morrer, a gente tem que lutar para que a justiça seja feita”, disse a viúva.
Edição: Davi Oliveira
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