Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O país fechou o mês de julho com saldo negativo do fluxo cambial, ou seja, as saídas de dólares superaram as entradas. O déficit ficou em US$ 1,447 bilhão, contra saldo positivo de US$ 942 milhões de igual mês do ano passado. Nos dois primeiros dias úteis de agosto, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 509 milhões. Os dados foram divulgados hoje (7) pelo Banco Central (BC).
De janeiro a 2 de agosto, o saldo do fluxo cambial está positivo em US$ 8,597 bilhões. O fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) registrou saldo positivo de US$ 16,566 bilhões, enquanto o segmento financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) ficou negativo em US$ 7,969 bilhões.
Em julho, o fluxo financeiro registrou saldo negativo de US$ 1,335 bilhão, enquanto o comercial teve déficit de US$ 111 milhões. Nos dois dias de agosto, o saldo financeiro ficou positivo em US$ 691 milhões e o comercial, negativo em US$ 182 milhões.
No mês passado, o BC eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados. Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior poderiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos. A medida aumenta a oferta de dólares no mercado, empurrando a cotação para baixo.
De acordo com os dados do BC, as operações de pagamento antecipado ficaram em US$ 3,616 bilhões em julho. As operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) chegaram a US$3,119 bilhões. Esses valores estão incluídos nas exportações, que totalizaram US$ 18,378 bilhões, no mês passado. As importações ficaram em US$ 18,490 bilhões.
Além da medida para estimular a entrada de dólares no país e, com isso, ajudar a reduzir a cotação da moeda, o BC retirou o depósito compulsório sobre a posição vendida de câmbio. Com a medida, os bancos deixaram de recolher à autoridade monetária parte dos valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair.
Em julho, os bancos fecharam o mês com posição comprada (indica expectativa de alta do dólar) em US$ 1,675 bilhão. Em junho, o valor havia chegado a US$ 3,063 bilhões.
O BC também tem feito operações de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, para tentar suavizar a alta do dólar.
Ontem, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a instituição também poderá ofertar o chamado leilão de linha – venda com compromisso de recompra, a qualquer tempo, se julgar necessário.
O mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos. Se houver redução de estímulos, o volume de moeda norte-americana em circulação cai, aumentando o preço do dólar em todo o mundo.
Edição: Juliana Andrade
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