Elaine Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Parentes de vítimas no acidente com o Airbus A320 da TAM, que matou 199 pessoas no Aeroporto de Congonhas em 2007, fazem uma vigília na frente do prédio do Fórum Criminal Federal na região da Avenida Paulista. Eles pedem justiça e seguram faixas com fotos das vítimas - uma delas tem a bandeira do Brasil com os nomes das vítimas e, no lugar de "Ordem e Progresso", a frase "Verdade e Justiça".
Os parentes acompanham emocionados do lado de fora o primeiro dia do julgamento onde serão ouvidas as testemunhas de acusação. Os depoimentos tiveram inicio às 14h30 e a primeira a falar foi desembargadora Cecilia Marcondes. Também vão ser ouvidos José Eduardo Batalha Brosco e João Batista Moreno de Nunes Ribeiro - este último por vídeoconferência. Havia expectativa também dos depoimentos de Luiz Kazumi Miyada, mas ele está internado e enviou atestado médico, e de Giberto Pedrosa Schittini, que não foi localizado. Amanhã (8) está previsto o depoimento da testemunha de acusação Elias Azem Filho.
Na entrada do prédio da Justiça Federal, o procurador da Republica Rodrigo De Grandis, autor da denúncia, disse que vai defender a tese de que houve imprudência e negligência dos três réus: a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu, o vice-presidente de operações da TAM, Alberto Fajerman, e o diretor de segurança de voos da companhia, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro.
O procurador disse que vai pedir a condenação deles com privação de liberdade. A denúncia, segundo ele, está baseada em quatro laudos da Polícia Federal e do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa). De acordo com o procurador, a pista do Aeroporto de Congonhas foi liberada sem condições de teste de segurança. De Grandis disse que a fase de inquirição dos réus deverá ocorrer ainda este ano, entre novembro e dezembro. Segundo a assessoria da Justiça Federal, os três réus acompanham os depoimentos.
Roberto Silva, pai da comissária de voo Madalena Silva, morta no acidente, declarou que espera que os réus sejam condenados. “Como tudo no Brasil é muito lento, não é surpresa tanta demora [no julgamento]. Acreditamos que se vai fazer justiça e que ela será exemplar”, disse o pai, emocionado.
Maria Estela Otor Teixeira, que perdeu o filho caçula Douglas no acidente, também acompanha os depoimentos. “A gente espera justiça. Chegar até aqui já foi uma vitória, porque você sabe que a gente não mora em um país sério e a Justiça é lenta...eles [vítimas] foram assassinados. Era tão fácil evitar aquilo”, desabafou. Ela disse não acreditar na condenação dos réus. “Honestamente, não acredito na condenação, mas eles serem apontados [como réus] já é alguma coisa.”
Edição: Fábio Massalli
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