Mantega vê possibilidade de recomposição do consumo com queda da inflação

07/08/2013 - 14h51

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – A queda da inflação mostra que os consumidores passarão a ter mais recursos para usar em bens e serviços, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Hoje (7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que, no mês passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,03%, abaixo do resultado de junho, 0,26%.

O ministro considera possível haver uma recomposição do consumo, que havia caído no início do ano. "Portanto, espero que, no terceiro trimestre, tenhamos uma recuperação na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do consumo varejista.”

Mantega, que já tinha falado sobre o resultado da inflação no mês passado, desta vez destacou o fato de o índice demonstrar que o preço dos alimentos recuou bastante, puxando para baixo a cesta básica em várias capitais. Para o ministro, o resultado de julho prova que a inflação sempre esteve sob controle. Para ele, houve um momento de aceleração, mas o governo agiu para que o IPCA caísse para esse patamar (0,03%).

“Já observamos aumento do consumo nos supermercados. Então, isso é um reflexo direto da queda da inflação e do poder aquisitivo da população. Mas isso também não quer dizer que a inflação ficará em zero, pois agora ficou quase em zero”, ressaltou.

O ministro lembrou também que existem fatores sazonais ao longo do ano que fazem com que todos os anos a inflação suba em determinado momento e caia em outros. “Agora, para o final do ano, ela vai subir um pouquinho, porque tem os dissídios coletivos e alguns reajustes, mas ela continuará totalmente sob controle e não atrapalhará o crescimento da economia.”

Sobre o crescimento da economia, Mantega estimou que o resultado do segundo trimestre será melhor do que o do primeiro trimestre. Ele lembrou que atividade econômica foi bem no segundo trimestre, com melhora nos índices da indústria e grande crescimento na agricultura.

“Não sabemos ainda o crescimento [do setor] de serviços, mas certamente será maior que o do primeiro trimestre. Então, isso mostra que a economia brasileira está em uma trajetória de crescimento. O emprego está indo bem. Nós estamos criando novos postos de trabalho. As empresas tiveram um lucro maior no segundo trimestre”, destacou. Mantega explicou que sua avaliação leva em conta os números da arrecadação de impostos e taxas federais, que tem aumentado.

Segundo ele, o problema tem sido a política do Tesouro dos Estados Unidos. O mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos, atraindo capitais para o mercado norte-americano.

“Então, eu diria que as coisas estão indo bem. Agora, tem essa questão do Fed, que atrapalha o câmbio e causa um pouco de volatilidade. Isto é um dos fatores que estão retardando a nossa retomada de crescimento mais forte”, acrescentou.

Para este ano, o ministro não quis fazer projeções de inflação, mas disse que o mercado financeiro deveria rever as estimativas diante dos resultados de hoje, com previsões “um pouco para baixo”. “Estamos tendo um comportamento como o do ano passado: no primeiro trimestre, começou um pouco mais alto e depois caiu ao longo do semestre, chegando em seguida a quase a zero. É parecido com o ano passado, mas não sei precisar o número.”

Edição: Nádia Franco

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