Pedro Moreira
Enviado Especial da EBC
São Jorge (GO) - O 13º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que acontece no povoado de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, contará com a sétima edição da Aldeia Multiétnica, a partir de hoje (24). O espaço promove a integração entre o público e os indígenas. Desde 2011, quando a aldeia ganhou um novo espaço, próximo ao Rio São Miguel, um dos povos é o anfitrião do encontro. Naquele ano, a primeira moradia tipicamente indígena construída no local foi uma oca xinguana, do povo Yawalapiti, de Mato Grosso.
No ano passado, foi a vez dos kaiapós, do Pará, construírem sua oca e receberem os convidados. A missão, agora, ficou com os indígenas da etnia Krahô, que constroem, com a ajuda de quilombolas, sua oca típica. Ela vai se juntar às duas que permanecem erguidas no local.
Além de poder entrar nas moradias e acompanhar a vivência dos índios, o público poderá conferir os rituais, o artesanato, as comidas, os cantos e danças as características de cada tribo. A organização do evento promete rodas de prosa, oficinas de artesanato e pinturas corporais, além de exposições fotográficas e exibição de vídeos produzidos pelos próprios índios. São esperados cerca de 200 indígenas. Entre os povos do Brasil, estarão presentes os Yawalapiti, Fulni-ô, Kaiapó, Ashaninka e Runikuin.
Os índios estão chegando desde domingo (21). Do Canadá, vieram representantes da etnia Innu, índios norte-americanos. O grupo que veio ao Brasil é formado por três indígenas, uma mestiça - filha de mãe Innu e pai não índio - e tradutora de francês, língua falada em Quebec, região do Canadá onde vivem. O jovem índio Tshiueten conta que veio conhecer a cultura dos indígenas daqui e também mostrar a cultura dos innus. Ele explica que, assim como os índios brasileiros, o grupo também tenta preservar as tradições passando os costumes de geração para geração. Tshiueten, por exemplo, está em processo de sucessão espiritual, função atualmente exercida pelo pai.
Os kaiapós também já estão em São Jorge desde domingo. São 32 pessoas vindas de São Félix do Xingu, no Pará. Para o evento, eles viajaram por dois dias, de ônibus. O líder do grupo, Isaac Kaiapó - nome indígena Bepkaeti -, que está pela quinta vez em São Jorge, conta que eles vão apresentar a cerimônia da Máscara do Tamanduá. “Quem não é índio pode acompanhar, aprender a música, aprender a dança”, diz ele. Assim que eles chegaram já começaram os preparativos, com a confecção das máscaras feitas de palha de buriti, uma palmeira do Cerrado.
Os krahôs, anfitriões desta edição, vieram do Tocantins, onde vivem em uma área demarcada na região do município de Goiatins. Os índios só souberam informar o número de adultos, que são 26. Mas nas barracas de camping, montadas ao lado da oca que ainda está sendo erguida, há muitas crianças, algumas de colo. Elas correm por todo o acampamento e brincam com as crianças das outras etnias. Mesmo antes do início da programação oficial, mulheres krahôs já faziam pinturas corporais nos visitantes interessados em conhecer um pouco dos costumes desta etnia.
Osmar Krahô - nome indígena Cuhkô -, governante do grupo, calcula que existam cerca de 3 mil krahôs espalhados pelo Tocantins. Entre as atividades que devem apresentar, estão cantorias, pratos típicos, como bolo de mandioca e o processo de empenar, ou seja, enfeitar o corpo com penas. Mas o ponto alto será o ritual Pemp'kahààc, que representa a iniciação das crianças. O líder Getúlio Orlando Pinto Krahô - Kruwakaya Krahô - se diz muito feliz em compartilhar as tradições com os outros indígenas e o público. “A casa dos krahôs está sendo preparada e vai ter a festa para poder fazer a integração com os povos”.
Edição: Marcos Chagas
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