Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo federal vai reformular o Programa Nacional de Nanotecnologia, criado para incentivar atividades de pesquisa, desenvolvimento de novos produtos e a transferência de tecnologia entre as instituições de pesquisa e empresas.
Previsto para ser lançado na segunda quinzena de agosto, o novo programa priorizará a pesquisa em nanociência para sensores, dispositivos e materiais e compósitos, que são produtos nos quais dois ou mais elementos são combinados em uma estrutura para obter vantagens e melhorias que nenhum deles poderia fornecer isoladamente. Isso será feito a partir dos 26 laboratórios que compõe o Sistema Nacional de Laboratório em Nanotecnologia (SisNano).
O dinheiro que será aplicado no programa ainda está em análise pelo governo. Em 2013, já estão sendo investidos R$ 38,9 milhões diretamente nos laboratórios, além do aporte de R$ 9 milhões para que esses grupos de pesquisa incorporem a rede Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec). Para 2014, estão previstos R$ 20 milhões para o setor.
Em inovação, área que engloba a nanotecnologia, as cifras alcançam valores muito maiores. De janeiro a maio, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu R$ 1,5 bilhão, por meio do Programa de Sustentação do Investimento.
Segundo o coordenador-geral de Micro e Nanotecnologias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Flávio Plentz, os laboratórios que fazem parte do SisNano receberão recursos para operar de maneira “aberta ao uso”, tanto por pesquisadores ou grupo de pesquisas quanto por empresas.
“Vai modificar muito o ambiente da nanotecnologia no Brasil. Porque, agora, eles [os laboratórios] vão estar à disposição para desenvolvimento e vão ter o compromisso de ser laboratórios abertos onde as pessoas poderão entrar, contratar desenvolvimento ou colocar as suas equipes ou os seus pesquisadores lá dentro fazendo o desenvolvimento”, disse à Agência Brasil.
Flávio Plentz destacou que o foco no desenvolvimento dos laboratórios é, atualmente, a etapa mais importante na área de nanotecnologia para que o país possa ter estrutura de competir internacionalmente na pesquisa científica.
“O que a gente vai fazer com esse programa é elevar para outro degrau de investimento, para fazer o que é objetivo agora: pegar todo esse conhecimento em nanotecnologia e essas tecnologias que já estão desenvolvidas e levar para a indústria, para o mercado”, explicou Plentz. Ele acrescentou que “essa etapa de pegar o conhecimento da tecnologia e transformar em produto e negócio não é trivial, é complicada no Brasil e no mundo inteiro”.
A nanociência é capaz de manipular, sintetizar ou modificar a matéria em uma escala de tamanho de nanômetro, que é 1 bilionésimo do metro. Tudo que se faz em termos de modificação, manipulação ou síntese de materiais nessa escala é considerado nanotecnologia.
“Qualquer produto eletrônico está cheio de nanotecnologia. A tela touch screen, o processador do celular e dos computadores são hoje todos frutos de nanotecnologia. O tamanho e os transistores [dos computadores] também. Basicamente todos esses produtos que chamamos de alta tecnologia têm nanotecnologias incorporadas neles”, disse Plentz.
Edição: Marcos Chagas
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