Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Para homenagear as oito crianças mortas a tiros por policiais no episódio que ficou conhecido como chacina da Candelária, centenas de pessoas participaram de uma missa na igreja, que fica no centro do Rio, na manhã de hoje (19), e em seguida saíram em passeata pela Avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro, até a Cinelândia.
Os manifestantes mostravam cartazes contra a violência doméstica e a pedofilia. Faixas que reivindicavam direitos de crianças e adolescentes cobriam a calçada em frente à Igreja da Candelária. Um manequim de uma criança negra estava no chão, representando as vítimas da chacina que, na próxima terça-feira (23) completa 20 anos. Também participaram do ato, instituições de defesa dos direitos humanos e dos direitos da criança e do adolescente, além de abrigos para menores abandonados.
Na noite de ontem (18), os 20 anos da chacina foram lembrados em uma vigília na frente da igreja, organizada pela Associação Beneficente São Martinho – que tem um projeto para meninos e meninas de rua, com familiares das vítimas.
Patricia de Oliveira, irmã de Wagner dos Santos – principal testemunha da chacina – conta que a tragédia é lembrada anualmente. “Todo ano a gente realiza uma caminhada ou uma atividade aqui na Candelária, não só para lembrar os 20 anos, mas lembrar todos os anos, para que não caia no esquecimento da população”.
Para Patricia, as punições a policiais que cometem esse tipo de crime deveriam ser mais severas. “Eu acho que, como é um crime cometido por policiais, tem de servir de exemplo para que outros policiais não cometam novamente [esses crimes]. Porque tanto [as chacinas de] Vigário Geral quanto Candelária ficaram mal resolvidas e isso possibilitou outras chacinas”.
Em 23 de julho de 1993, cerca de 50 crianças e adolescentes dormiam na escadaria da Candelária quando foram alvejados por policiais. Oito morreram. Nos anos seguintes, três sobreviventes morreram em confrontos com a polícia: Fábio Gomes de Azevedo, em 1996, e Sandro Barbosa do Nascimento e Elizabeth Cristina de Oliveira Maia, em 2000. A principal testemunha do caso, Wagner dos Santos, sofreu tentativa de assassinato em 1994 e atualmente vive na Suíça.
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Edição: Denise Griesinger
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