Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Salários mínimos robustos, demanda por produtos e serviços e a ampliação de postos de trabalho e de crédito para a abertura de pequenas empresas foram os principais temas de discussão na reunião dos ministros do Trabalho do G20 em Moscou, na Rússia.
Hoje (19), os países do grupo concluíram a Declaração dos Ministros do Trabalho do G20, documento final do encontro. Estiveram na reunião os ministros de vários países, membros da sociedade civil e representantes de entidades do empresariado e de trabalhadores para deliberar entre outras temas a questão do desemprego. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que há 200 milhões de desempregados no mundo, dos quais cerca de 73 milhões são jovens entre 14 e 25 anos.
O ministro do Trabalho do Brasil, Manoel Dias, está na Rússia para participar do evento. Em discurso feito ontem (18), Dias falou sobre o compromisso brasileiro de manter um sistema macroeconômico, financeiro e fiscal sólido, com o objetivo de estimular os investimentos e a criação de um mercado de trabalho sustentável.
A situação econômica mundial foi mencionada na reunião. O entendimento do G20 é o de que deve haver a criação de ambientes propícios ao crescimento econômico para que haja a criação sustentável de postos de trabalho – especialmente em pequenas e médias empresas -, que incluam os jovens, as mulheres com filhos e as pessoas com deficiência.
Por criação sustentável de empregos, o G20 entende que deve haver, também, a redução de desigualdades, a ativação de políticas de emprego e a manutenção de políticas de proteção social – que vêm sofrendo cortes, nos últimos anos, em diversos países, devido à crise financeira internacional. Esse fatores já haviam sido mencionados ontem (18), pelo presidente russo, Vladmir Putin, na abertura do encontro.
Um dos dilemas discutidos pelo grupo foi a criação de uma estratégia de crescimento que alie criação e manutenção de empregos ao combate à inflação – questão especialmente importante para o Brasil, que atualmente está em situação de quase pleno emprego e de índices de inflação considerados altos. A tendência é a de que quanto mais haja empregos, mais a população consuma – o que leva à elevação progressiva dos preços. O desafio, portanto, é manter os postos de trabalho sem que a demanda da população leve à inflação excessiva.
A modernização dos sistemas de aprendizado nacionais para acompanhar a demanda por mão de obra qualificada em alta tecnologia, a regulação de setores em que salários são mantidos artificialmente acima ou abaixo da média e a facilitação do crédito para micro e pequenos empresários foram alguns dos pontos citados pelos representantes do empresariado no encontro. A criação de mecanismos públicos de consultoria, de financiamento e de treinamento em negócios para jovens foram lembrados por esse grupo.
No caso dos Estados, o objetivo tem sido implementar As 20 Prioridades do Trabalho, delineadas em encontros anteriores dos ministros, em que os pontos considerados mais importantes são a criação de novos empregos, o crescimento econômico e o restabelecimento da confiança nos sistemas, o fortalecimento da oferta de emprego para jovens e a redução das desigualdades.
Os representantes de trabalhadores pediram aos países do G20 o apoio à expansão da demanda agregada e ao emprego no contexto de desaceleração do crescimento econômico, ao fim de medidas de austeridade com cortes em gastos públicos em áreas que dão suporte social e aos investimentos em infraestrutura, educação e serviços públicos de qualidade.
Edição: José Romildo
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