Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os presidentes latino-americanos preparam para amanhã (12) a formalização de um documento em que repudiam o monitoramento, pelos Estados Unidos, de dados na internet e telefonemas de cidadãos da América Latina. Inicialmente, a ideia é que a declaração apresente a preocupação com as denúncias de espionagem, a gravidade que elas representam e o fato de serem inaceitáveis. Além do Brasil, a Colômbia, o México, Equador e a Argentina se manifestaram sobre o assunto, condenando o monitoramento externo de informações de cidadãos.
O tema será abordado na Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, hoje (11) e amanhã. Mas antes, os chanceleres do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela) - o Paraguai está suspenso temporariamente - e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reúnem hoje para definir os termos do documento. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ressaltou que o tom do documento será coerente com as premissas da política externa brasileira.
Ao ser perguntado se o governo do Brasil pretende elevar as críticas e reações aos Estados Unidos, como fizeram alguns países da região, o chanceler disse que os brasileiros têm uma posição bem definida. “O Brasil ouve [os demais países], mas não costuma seguir. O Brasil formula suas próprias posições de acordo com os interesses nacionais e com a política externa brasileira”, destacou.
Na Cúpula do Mercosul, também serão discutidos outros temas polêmicos envolvendo os parceiros latino-americanos. A expectativa é que presidentes dos países da Unasul (composta por 12 nações, mas o Paraguai está suspenso) participem da reunião no dia 12. Em pauta, o fim da suspensão do Paraguai do Mercosul e da Unasul.
Os paraguaios querem que o retorno seja imediato, mas o Uruguai avisou que a suspensão só acabará após 15 de agosto, depois da posse do presidente eleito Horacio Cartes. O Paraguai foi suspenso dos blocos regionais porque os líderes entenderam que houve rompimento da ordem democrática durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo, em junho de 2012.
Também está em pauta a moção de apoio ao presidente da Bolívia, Evo Morales. Ele teve o avião proibido de sobrevoar e aterrissar na França, em Portugal, na Itália e na Espanha, quando voltava da Rússia, onde participou de reuniões técnicas sobre produção de petróleo. A proibição, segundo as autoridades bolivianas, foi causada pela desconfiança dos europeus de que o consultor norte-americano Edward Snowden, que prestava serviços para a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, estivesse na aeronave presidencial. Snowden revelou que cidadãos brasileiros foram monitorados pelos Estados Unidos.
A exemplo dos representantes do Mercosul, em Cochabamba (Bolívia), na semana passada, e da Organização dos Estados Americanos (OEA), os presidentes deverão aprovar uma declaração exigindo explicações e desculpas a Morales pelos quatro europeus.
Edição: Graça Adjuto
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