Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Nacional da Verdade está reunida neste momento, em Brasília, com a família do ex-presidente João Goulart para decidir as medidas necessárias à exumação dos restos mortais de Goulart, a fim de tentar esclarecer a causa de sua morte, devido a suspeitas de que ele teria sido assassinado e não morrido em consequência de um ataque cardíaco, como foi divulgado à época.
O ex-presidente morreu com 57 anos, no dia 6 de dezembro de 1976, quando estava exilado na Argentina, no município de Mercedes, departamento de Corrientes. Goulart presidiu o Brasil de 7 de setembro de 1961 a 1º de abril de 1964, quando foi deposto em um golpe militar. As suspeitas são de que ele teria sido vítima de uma articulação da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, Argentina e Uruguai para perseguir opositores.
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse ao abrir a reunião que a investigação está sendo feita a pedido da família e que é um dever do Brasil promover o resgate histórico das circunstâncias que envolvem a morte de Jango, como era conhecido o ex-presidente, “que foi deposto, perseguido pela ditadura militar e é o único presidente da República brasileiro que morreu no exílio”.
A ministra de Direitos Humanos disse que o objetivo da reunião é constituir um grupo de trabalho para coordenar a exumação e a perícia dos restos mortais do ex-presidente, enterrados no município gaúcho de São Borja. Segundo ela, “é necessário que as circunstâncias de sua vida e sua morte sejam conhecidas da nação brasileira”.
Maria do Rosário reconheceu que, devido ao tempo decorrido desde a morte de Jango, a perícia pode não esclarecer as dúvidas sobre as causas do óbito, mas o governo se sente obrigado a atender ao pedido da família e providenciar os meios necessários para a realização da perícia técnica e documental.
Além da família do ex-presidente, participam da reunião a secretária de Direitos Humanos do Uruguai (país onde Jango esteve exilado antes de ir para a Argentina), Graciela Jorge; representantes da Cruz Vermelha Internacional e Brasileira; e peritos da Polícia Federal.
Edição: Davi Oliveira
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