Da BBC Brasil
Brasília – O líder da principal oposição egípcia, o liberal Mohamed ElBaradei, deve se tornar o premiê interino do Egito em meio à crise do país, segundo informações obtidas pela BBC.
A agência estatal Mena informou que ele está reunido com o presidente interino do país, Adly Mansour, três dias após um golpe militar ter derrubado o governo do islamita Mouhamed Mursi - primeiro presidente eleito democraticamente do Egito. O presidente vivia forte crise de popularidade e desde então, o país vive dias de violência e incerteza política.
ElBaradei, ex-líder da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), encabeça uma coalizão de partidos liberais e esquerdistas. Em entrevista à BBC na quinta-feira, ele defendeu o golpe militar e a deposição de Mursi, alegando que, apesar de ser "uma medida dolorosa que ninguém queria", "Mursi minou sua própria legitimidade ao se autodeclarar um faraó (em aparente referência às medidas de Morsi para aumentar seu poder). Então entramos em uma queda de braço, e não em um processo democrático", afirmou.
Neste sábado, a ONU e os Estados Unidos fizeram um apelo pelo fim dos choques que já deixaram mais de 30 mortos e centenas de feridos no Egito.
Os conflitos mais violentos ocorreram ontem. Neste sábado, multidões ainda ocupam algumas ruas e praças do país. E protestos maiores estão previstos para esta tarde.
O departamento de Estado dos EUA conclamou os líderes egípcios a acabarem com a violência e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu mais proteção aos manifestantes - em especial às mulheres. O comunicado de Ban Ki-moon mencionou "relatos horripilantes de violência sexual"
"Conclamamos todos os líderes egípcios a condenarem o uso da força e evitarem mais violência entre seus simpatizantes", disse, em um comunicado, o porta-voz da chancelaria americana, Jen Psaki.
Também neste sábado, Khairat el-Shater, vice-líder da Irmandade Muçulmana, foi preso em sua casa no Cairo por suspeita de incitamento à violência.
O Exército egípcio também publicou um comunicado em sua página no Facebook negando que alguns comandantes estejam fazendo pressão sobre os altos escalões das Forças Armadas do país para um restabelecimento do governo de Mursi.
"Esses rumores surgem em um contexto em que boatos e mentiras são espalhados em uma guerra de informação travada contra as Forças Armadas com o objetivo de dividir suas fileiras e acabar com sua coesão", diz o comunicado.