Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O número de empresas industriais com mais de uma pessoa ocupada cresceu 4% no Brasil de 2010 para 2011, passando de 299.862 para 312 mil. Do mesmo modo, o número de pessoas ocupadas mostrou expansão de 3%, subindo de 8,4 milhões de pessoas pra 8,6 milhões, com média de 28 pessoas empregadas por empresa.
Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA-Empresa), divulgada hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a economista Maristella Rodriguez, da Coordenação de Indústria do IBGE, a indústria brasileira mostrou estabilidade em 2011, em comparação ao ano anterior. “Ela teve um crescimento muito modesto que, na verdade, [decorre] do cenário internacional”. Lembrou que a economia mundial foi afetada pela crise financeira de 2008, pela debilidade da economia norte-americana e, mais recentemente, pela crise do euro.
A volta da trajetória de crescimento modesto da indústria brasileira está apoiada na contribuição da indústria extrativa, intensiva em recursos naturais. O que ocorre, disse Maristella à Agência Brasil, é que apesar do pequeno peso da indústria extrativa na estrutura industrial, há um efeito multiplicador importante. “Os bens que nela são extraídos fornecem insumos, tanto para a indústria de transformação como para a indústria da construção civil”.
Maristella ressaltou que o valor adicionado da indústria brasileira, diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário, atingiu R$ 679,3 bilhões, em 2011. As atividades com maior participação no total da indústria foram fabricação de produtos alimentícios (12,6%), extração de minerais metálicos (9,9%), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (9,8%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (9,5%) e fabricação de produtos químicos (6,7%).
Juntos, esses cinco segmentos industriais representam 48,5% do valor adicionado da indústria total. O valor bruto da produção e o consumo intermediário somaram, respectivamente, R$ 2,1 trilhões e R$ 1,4 trilhão. Já o valor da transformação industrial, que corresponde à diferença entre o valor bruto da produção industrial e o custo das operações industriais, alcançou R$ 936,8 bilhões.
O IBGE observou que os dois primeiros setores (produtos alimentícios e minerais metálicos) têm grande peso dentro da indústria. O ganho de participação do ramo de fabricação de produtos alimentícios em 2011, por exemplo, foi 12,2% em relação ao ano anterior.
As empresas do setor industrial mostraram receita líquida de vendas de cerca de R$ 2,2 trilhões, em 2011, com média de R$ 7 milhões por empresa. Os gastos com pessoal somaram R$ 319,2 bilhões e mostraram participação de 14,5% na estrutura dos custos e despesas da indústria, cujo total alcançou também R$ 2,2 trilhões.
Maristella Rodriguez disse que as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas, com maior escala de produção, continuam com maior participação no total da indústria brasileira. “Em 2011, essas empresas auferiram receita líquida de vendas correspondente a 68,2% do total, percentual superior ao de 2010 (67,4%). As grandes empresas dominam o mercado, nesse sentido”, disse.
Em termos de dinâmica da indústria, Maristella disse que um dos setores que têm peso grande dentro da estrutura industrial e que ganhou participação, em termos percentuais, de 2007 para 2011, foi a indústria de alimentos. A atividade foi influenciada pela continuidade da oferta de crédito na economia e pela expansão do consumo, associadas a mudanças na renda do consumidor. Outro setor relevante foi a extração de minerais metálicos, influenciada pelo aumento da produção de ferro e que ganhou impulso devido à demanda externa e aos preços favoráveis de exportação.
“O que acontece é que [há], nesse período, um aumento da exportação das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) e uma continuidade do crescimento da renda, do emprego, das condições de crédito na economia. [Há] medidas temporárias de desoneração, isenção fiscal em alguns setores, com a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo”.
A pesquisa revela que, no ano de 2011, o total de investimentos registrados nas empresas industriais atingiu R$ 162,9 bilhões. As empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas investiram no seu ativo imobilizado 96,8% do total aplicado. “Isso é bem representativo”, disse. O destaque coube aos investimentos efetuados em máquinas e equipamentos industriais, cuja participação foi 46,3%, contra 45,4% no ano anterior.
A indústria brasileira cresceu 16,1% no período compreendido entre 2007 e 2011, enquanto a economia evoluiu 22,9%. Já a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços fabricados no país, mostrou leve recuo, passando de 27,8% em 2007, para 27,5%, em 2011. Em 2010, a participação foi mais significativa (28,1%). Em relação ao índice de produção física da Coordenação de Indústria do IBGE, a taxa de crescimento da indústria no período pesquisado foi 5,9%.
Edição: José Romildo
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