ANTT estuda abrir licitação para que novas empresas de transporte explorem serviço no Entorno do DF

19/06/2013 - 14h48

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Após se reunir, no fim da manhã de hoje (19), com moradores de Valparaíso, Cidade Ocidental e Luziânia (GO), que protestavam por melhoria do transporte público, o superintendente de fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Nauber Nunes, informou que o órgão estuda a possibilidade de abrir processo licitatório para permitir que outras empresas explorem o serviço na região. A ANTT é responsável pela fiscalização dos ônibus que circulam entre as cidades de Goiás e o Distrito Federal.

Atualmente, segundo Nunes, apenas a Viação Anapolina responde pelo transporte de passageiros no local. O superintendente da ANTT destacou que um ofício, prevendo a quebra do monopólio, foi encaminhado pelo governo de Goiás à agência, mas ainda é preciso firmar acordo com o governo do Distrito Federal.

"O grande desafio é que são vários agentes intervindo no planejamento do transporte da região. Estamos terminando a análise [do documento] e diante do interesse de todos os parceiros envolvidos, acredito que em pouco tempo esse convênio será assinado", disse ele, enfatizando que um processo semelhante ao desencadeado em Águas Lindas de Goiás (GO) pode ocorrer nessa região. No município, destacou, houve quebra de monopólio na exploração dos transportes, após constatada falta de qualidade do serviço prestado.

"Sempre que houver dificuldade do ponto de vista da qualidade, a ANTT vai intervir. Há vários caminhos para isso, inclusive a troca de empresas que não estavam operando adequadamente por outras que operam melhor", enfatizou.

Em resposta à preocupação dos manifestantes com relação ao reajuste no preço da passagem, previsto para 1º de julho, o representante da ANTT garantiu que a agência não vai permitir elevação nas tarifas até que sejam registradas melhorias nos transportes. O superintendente se comprometeu a receber uma comissão de moradores, amanhã (20), na sede da ANTT, para discutir a possibilidade de abertura licitação para exploração do transporte na região.

O secretário do Entorno de Goiás, Gilvan Máximo, que também foi ao local do protesto para conversar com a população, admitiu que são "péssimas" as condições de transporte a que moradores dessas cidades são submetidos e disse que acredita que até o fim deste ano o acordo prevendo novas licitações seja assinado.

"A parte de Goiás já está pronta, se todos tiverem boa vontade, dentro de seis meses abrem-se novas licitações. O transporte aqui é realmente péssimo, só tem sucata em circulação", disse.

Durante quase toda a manhã, o trânsito ficou bloqueado na altura do km 6 da BR-040, na pista sentido Brasília. Com faixas e gritando palavras de ordem, moradores protestaram por melhorias na qualidade dos transportes. No fim da manhã, o grupo chegou a interromper o fluxo também na pista sentido Luziânia, para iniciar uma marcha até a administração do Jardim Ingá, localidade do município de Luziânia, às margens da rodovia. Alguns moradores queimaram pneus em um desvio utilizado por motoristas que tentavam fugir do bloqueio.

Enrolado em uma bandeira do Brasil e com o rosto pintado de verde e amarelo, o funcionário público Valdomiro Júnior, 50 anos, disse que já perdeu a conta das vezes que protestou pelo mesmo motivo. Assim como outros manifestantes, ele disse que, apesar de cansado de "gritar em vão", tem esperança de a reivindicação, desta vez, ser atendida pelas autoridades, já que protestos semelhantes estão ocorrendo em outras cidades brasileiras.

"Tenho esperança de alguém nos atender agora, que o problema está sendo encarado de forma nacional, inclusive com repercussão em jornais internacionais. Está todo mundo reclamando da falta de qualidade do transporte e aqui a situação é crítica e histórica", disse ele, que paga R$ 4,95 pela passagem de ônibus e leva, em média, duas horas para chegar ao trabalho, na região central de Brasília.

"Os ônibus são muito sucateados, quebram com frequência, não têm manutenção, estão sempre lotados e não têm segurança. Resumindo, é um terror", destacou.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Transportes do Distrito Federal ainda não se manifestou. Os representantes da Viação Anapolina também não foram localizados para comentar as reclamações.

 

 

Edição: Lílian Beraldo

 

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