Primeiro-ministro britânico evita comentar denúncias, mas defende serviço de inteligência

10/06/2013 - 18h23

Alex Rodrigues*
Repórter Agência Brasil

Brasília – O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse hoje (10) que o serviço de inteligência de seu país, o GCHQ (do inglês, Government Communications Headquarters) só age “dentro das leis”.  Ao ser perguntado sobre as acusações de que o serviço de inteligência britânico violou a privacidade de cidadãos, acessando o programa norte-americano Prism, supostamente capaz de monitorar e armazenar os telefonemas e e-mails de um enorme número de pessoas, Cameron evitou dar maiores detalhes sobre o assunto, delegando a responsabilidade ao chefe da diplomacia britânica, William Hague. Cameron, contudo, assegurou que os agentes do Gchq atuam sob “forte supervisão ministerial e fiscalização parlamentar”, conforme relatou o site do governo britânico.

"Não posso comentar assuntos da inteligência", disse Cameron, repetindo argumento semelhante ao do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao se manifestar sobre o mesmo tema na sexta-feira (7). "Vivemos em um mundo perigoso de terror e terrorismo. Eu acho certo termos serviços de inteligência bem estruturados e bem organizados para garantir nossa segurança", acrescentou Cameron.

As denúncias sobre a existência do programa norte-americano de espionagem Prism (do inglês Métodos Sustentáveis de Integração de Projetos) vieram à público na última sexta-feira, por meio de matérias dos jornais The Guardian (britânico) e The Washington Post (norte-americano). Segundo as duas publicações, o programa permite que servidores da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (do inglês, NSA) acessem os servidores de uma série de empresas de telefonia e internet, incluindo Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, Skype e Apple. As denúncias reabriram um acalorado debate sobre a privacidade na internet versus segurança nacional, que tende a se expandir para além dos Estados Unidos e dos países que compõe o Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte).

Todas as empresas citadas pelos dois jornais negam ter conhecimento sobre o programa de monitoramento e garantem que não oferecem acesso amplo a seus dados, fornecendo informações pessoais dos usuários apenas quando solicitadas por meio de intimações judiciais. O Google, por exemplo, divulgou em seu blog nota assinada pelo co-fundador e atual presidente da empresa, Larry Page, garantindo só ter ouvido falado sobre a o Prism um dia antes da publicação das denúncias. “Os relatos da imprensa que sugerem que o Google está fornecendo acesso aos dados dos usuários são falsos”.

No mesmo dia em que The Guardian e The Washigton Post publicaram suas matérias, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama se apressou em garantir que “ninguém ouve” as chamadas telefônicas. Obama, porém, admitiu que o Congresso autorizou os serviços de segurança a monitorarem os telefonemas e e-mails de milhares de cidadãos, a pretexto de combater o terrorismo e garantir a segurança nacional. Para o presidente norte-americano, com os Estados Unidos sob constante ameaça de ataques terroristas, é indispensável ao país firmar um “compromisso” entre segurança e vida privada.

*Colaborou Renata Giraldi

 

Edição: Beto Coura

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