Treineiros buscam o Enem para testar os conhecimentos e a resistência

09/06/2013 - 16h04

Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – Mais de 1 milhão dos candidatos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda não concluíram o período escolar, nem concluirão até o fim do ano. São estudantes que fazem a prova apenas como treinamento para o exame. Os motivos são muitos: há candidatos que querem testar os conhecimentos, para saber o que ainda devem aprender e quais são suas maiores dificuldades e os que pretendem se acostumar com o tempo de prova – são duas tardes dedicadas ao exame.

O estudante Lucas Ferreira foi impulsionado pelas duas razões. Aos 17 anos, Lucas está no 2º ano do ensino médio e vai fazer o Enem 2013. Será a primeira prova do Enem para ele, que faz simulados a cada dois meses na escola, desde o 1º ano. "A prova é muito longa e maçante, a gente tem que pegar o ritmo."

Por isso, o estudante tem procurado sempre os professores e a coordenação da escola para ter orientações sobre o ensino superior. Ele quer estudar design na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que usa o Enem para o ingresso dos estudantes. Lucas ainda não sabe o curso específico, mas diz: "Desde que comecei a entender mais sobre o vestibular e sobre o Enem, fiquei focado nisso."

Duda Padilha, aluna do 2º ano, fará o Enem 2013 para se adaptar ao modelo da prova. "Eu sou melhor em provas discursivas e agora estou começando a me adaptar ao modelo objetivo do Enem. A prova é bolada de um jeito diferente das que sempre estive acostumada a fazer", explica Duda. Além disso, ela quer saber quais conhecimentos ainda lhe faltam. No final do terceiro ano, Duda pretende concorrer a uma vaga em psicologia também na UFRJ.

Lucas e Duda estão entre as 1.095.747 inscrições confirmadas dos chamados treineiros. Segundo balanço divulgado pelo Ministério da Educação, o número representa 15,3% do total de inscrições confirmadas no Enem, que foi 7.173.574.

"O Enem é uma prova diferente do vestibular tradicional e tem uma cobrança diferente do sistema de ensino", diz o especialista em Enem e presidente de honra do Cursinho Henfil, Mateus Prado. Para ele, a participação dos treineiros é positiva. "Costumo comparar o Enem a uma corrida de Fórmula 1. O piloto que conhece o circuito tem desempenho melhor. O mesmo acontece com o exame: quem conhece o Enem, acaba fazendo uma boa prova."

Prado ressalta que que é preciso adaptar-se ao ritmo da prova. "Estudar edições passadas para conhecer é importante, mas nada substitui a situação de prova." No entanto, ele deixa claro que esses estudantes devem fazer o exame apenas para treinar. "Vejo que alguns casos particulares [de estudantes que conseguiram cursar a universidade, mesmo não tendo terminado o ensino médio] acabam criando uma expectativa que não considero uma coisa boa. O estudante não tem que cumprir o ensino médio apenas pelo conteúdo, tem que cumprir uma fase da vida, ganhar maturidade, para depois entrar no ensino superior."

As provas do Enem serão aplicadas nos dias 26 e 27 de outubro em todos os estados e no Distrito Federal. Os candidatos receberão o cartão de inscrição no endereço fornecido. O documento terá um número, assim como a data, hora, o local de prova, a opção de língua estrangeira e outras informações específicas. Para os treineiros de primeira viagem e também para os demais candidatos, o MEC recomenda que se organizem para chegar no horário e que visitem antes o local de prova.

A nota do exame pode ser usada para classificação no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e também para concorrer a vagas em instituições privadas de ensino superior, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Além disso, é requisito no Programa Ciência sem Fronteiras e serve também para o estudante receber o benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O exame é usado ainda para certificação do ensino médio de estudantes maiores de 18 anos que não têm o documento.

Edição: Nádia Franco

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir a matéria é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil