Flávia Albuquerque e Elaine Patrícia Cruz
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo – As metas que serão estabelecidas para o programa lançado pelo governo estadual hoje (22), denominado São Paulo contra o Crime, para diminuir os índices de criminalidade, serão definidas depois de estudo para diagnosticar quais as necessidades e objetivos do estado, assim como quais os esforços necessários para chegar às metas. Os valores das bonificações que serão dadas para os policiais que conseguirem atingir as metas também não foram definidos. O estudo será feito pelo Instituto Sou da Paz, com quem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, firmou convênio de 18 meses para a elaboração de programa.
De acordo com a diretora do Instituto Sou da Paz, Luciana Guimarães, o primeiro passo é fazer um diagnóstico do problema para definir como será feito o plano de ação, o sistema de acompanhamento e os valores das bonificações. “Não temos nada ainda. Estamos em um primeiro momento de olhar quais são os indicadores criminais, como chegamos neste lugar, como podemos avançar, o que é uma meta razoável, quais são as prioridades e esforços”. Luciana ressaltou que o plano terá um sistema de avaliação para verificar os diferentes esforços dos policiais.
Além deste convênio, está entre as medidas a contratação, por meio de concurso, de 2.800 funcionários para a Polícia Civil e 1.865 para a Polícia Científica. Também será elaborado um sistema de informática para para integrar os bancos de dados das polícias Civil e Militar, a fim de fornecer ferramentas de inteligência para um planejamento técnico mais eficiente. Foram determinadas ainda mudanças em alguns departamentos da Polícia Civil.
O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, destacou que as medidas são inéditas, porque incluem a participação da sociedade civil e a instituição de metas para o trabalho da polícia. Segundo ele, as metas serão transparentes, divulgadas para a população e acompanhadas por organismos policiais e sociedade civil. “Queremos buscar um enfrentamento maior daqueles crimes que mais impactam a segurança. Estamos trabalhando muito na questão dos homicídios e a tendência é queda. Queremos nos esforçar em relação aos crimes contra o patrimônio”, disse Grella.
O secretário explicou que o bônus pretendido não faz parte da discussão da questão salarial, que deve ser discutida a parte. Ele enfatizou que os valores de R$ 4 mil até R$ 10 mil, conforme o divulgado no início da manhã pelo governador Geraldo Alckmin, são propostas e não estão confirmados. Ele disse que o bônus não gerará competição e sim estimulará os policiais a alcançarem os objetivos . “Isso não é competição, é estímulo, é meritocracia, é reconhecimento pelo trabalho realizado, pelo resultado”. Os resultados serão medidos pelo índice de criminalidade.
O comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, elogiou a proposta e disse que a corporação busca o sistema de reconhecimento há muito tempo. “Queremos reconhecer o trabalho daqueles policiais que têm bom desempenho nas ruas, pois eles ganham a mesma coisa que aqueles que têm um desempenho ruim. A bonificação vai ser um estímulo e está de acordo com os interesses da Polícia Militar”.
Para o superintendente executivo do Instituto São Paulo contra a Violência, José Roberto Bellintani, o pagamento do bônus pode ser um bom estímulo para os policiais e para a luta contra a violência no estado. “Profissionais motivados rendem mais em qualquer ramo de atividade. A polícia mais ainda porque tem uma atividade estressante”, disse ele.
No entanto, Bellintani destacou que para que o pagamento de bônus por mérito seja de fato positivo e não gere falsas notificações de mérito ou de ocorrências pelos policiais. “O importante é que os critérios sejam muito bem definidos e, se possível, na criação dessas regras, que se estimule o trabalho em equipe e de cooperação entre as polícias”, disse ele.
Segundo ele, o pagamento de bônus aos policiais não pode vir desvinculado de uma série de medidas para a contenção da violência em São Paulo. Uma delas, destacou Bellintani, é a de promover maior participação do cidadão nesse problema. “Só a polícia não dá conta. O estímulo que precisa ser feito é o estímulo ao cidadão, que pode participar por meio de canais como o Disque Denúncia 181, que não custa nada ao estado. Polícia, mesmo estimulada, não resolve casos se não tiver informação [que viria anonimamente, por exemplo, por meio do Disque Denúncia]”, ressaltou. Outros fatores seriam também a preparação e a formação dos policiais e a melhoria e disponibilidade dos equipamentos de segurança.
Edição Beto Coura
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